Mais de mil mulheres indígenas de 120 povos estão reunidas em Brasília nesta semana para a 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas. O evento, que vai até sexta-feira (9), marca um momento histórico para os direitos dos povos originários, com protagonismo feminino na construção de políticas públicas. Com o tema “Reflorestando mentes para a ancestralidade do futuro”, a conferência debate temas como território, justiça climática, saúde, educação e enfrentamento à violência.
A cerimônia de abertura contou com a presença da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que destacou o papel fundamental das mulheres na preservação da vida e dos territórios. “Estamos aqui para reafirmar que as mulheres indígenas querem ser ouvidas, querem participar da construção das políticas públicas. Nós não queremos ser estatística, queremos ser parte da solução”, afirmou.
Durante os quatro dias de programação, lideranças indígenas de todas as regiões do país participam de plenárias, rodas de conversa e oficinas, em diálogo com representantes de ministérios e órgãos do governo federal. A conferência é uma iniciativa do Ministério dos Povos Indígenas e do Ministério das Mulheres, em parceria com a ONU Mulheres e organizações da sociedade civil.
No primeiro dia, o debate se concentrou na relação entre justiça climática e território. Representantes de diferentes etnias relataram os impactos da mineração, do avanço do agronegócio e das mudanças climáticas em seus modos de vida. “Falar de território é falar de existência”, declarou Arlete Wapichana, secretária de Articulação e Promoção dos Direitos Indígenas.
Além dos temas estruturantes, o evento também destaca as experiências e saberes tradicionais como base para a formulação de políticas públicas com enfoque interseccional. A expectativa é que as propostas debatidas ao longo da conferência sejam sistematizadas e encaminhadas ao governo federal para subsidiar ações voltadas às mulheres indígenas nos próximos anos.