19/07/2024 - 17:31
Eu sempre fui muito boa tecnicamente, tinha entregas excelentes, mas não havia desenvolvido ainda habilidades comportamentais necessárias para ser promovida e a mais grave delas: não me dava bem com meu gestor!
Não ter habilidades comportamentais bem desenvolvidas, não se dar bem com seu gestor e ser tecnicamente importante para a empresa é a combinação perfeita para que você se torne “um mal necessário”.
Não te demitem, pois precisam de você, mas também não te promovem, te deixam estagnada no mesmo lugar por anos e ainda acabam lucrando com seu trabalho – afinal de contas, pela sua qualidade técnica, você já deveria estar com um salário bem maior, estão levando mais por menos! Além de muitas vezes estarem usando você para treinar colaboradores mais novos e que rapidamente acabam sendo mais valorizados do que você, com bons cargos e salários.
Fazem essa “guerra fria” até que você se desmotive, a ponto de sair da empresa ou diminuir seu desempenho técnico. Quando isso acontece, é provável que te demitam, mas com o discurso comprovado de que você não era tão boa assim e a queda de desempenho acaba dando razão para essa teoria.
O mais curioso é que muitas vezes, quando percebemos que somos um “mal necessário”, o primeiro sentimento é até positivo… Pensamos que “eles precisam do meu conhecimento aqui” ou “tecnicamente não podem falar nada sobre mim”, mas devemos entender também o quanto isso é prejudicial para nossa carreira e desenvolvimento. Essa falsa sensação positiva e até egocêntrica pode nos custar anos de estagnação, afinal até para o mercado, com o passar dos anos, fica difícil explicar a ausência de promoção e crescimento na empresa.
Minha orientação, após ter passado por isso e pelos anos de experiência, como gestora e como mentora de carreira é:
* Quando perceber que sua estagnação no cargo não tem a ver com suas habilidades técnicas, busque saber quais habilidades comportamentais precisa desenvolver para chegar ao próximo nível e busque esse desenvolvimento.
* Caso perceba que a questão é pessoal e que nenhum esforço será suficiente: venda-se para o mercado! Observe e crie oportunidades de mudar de empresa o mais breve possível, antes que seu desempenho, energia e autoconfiança sejam afetados, pois isso vai te trazer grandes prejuízos, não só na empresa como nas futuras oportunidades.
Temos que saber o momento de sair, de entender que perdemos a batalha, pois o problema pode estar além do nosso alcance. Dias atrás uma mentorada minha comunicou que foi promovida assim que sua gestora foi trocada, mas infelizmente essa foi uma exceção – normalmente é mais comum que o gestor fique e você saia, ou fique estagnada mesmo!
É importante tomar as rédeas o quanto antes e agir. Não há tempo a perder. Dê a você primeiro o valor que acredita que tem para que esse valor seja reconhecido por outras pessoas também!
Veja Também
Queremos mudança mas sem o incômodo que ela traz: quando incapaz de evoluir pode ser a empresa, e não você
Mulher 50+: empresas estão comprometidas com a inclusão quando se fala em etarismo?
A liderança está em nosso DNA – ou é talento que todos podem desenvolver?
Mulheres ganham 19% a menos do que os homens no Brasil: machismo ainda existe nas empresas ou é só mimimi?
Gestão de erros: a forma com que você lida com eles revela mais sobre você do que como recebe os acertos
