Mempodera usa wrestling e inglês para transformar a vida de meninas periféricas

Organização oferece aulas gratuitas de wrestling e inglês para meninas de 6 a 17 anos e aposta em metodologia própria com foco em acolhimento e cidadania

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Além do esporte e da língua inglesa, a Mempodera realiza oficinas sobre saúde, política e equidade de gênero, reforçando a autonomia e a cidadania das participantes Foto: Divulgação

Ambientes seguros e acolhedores podem transformar a forma como meninas enxergam a si mesmas e ao mundo. Quando combinados com o esporte, a educação e o brincar, esses espaços se tornam potentes ferramentas de desenvolvimento social. É com esse propósito que atua a Mempodera, organização que promove, desde 2018, o empoderamento feminino, racial e social em comunidades periféricas.

Com núcleos em Cubatão, Itariri e Pedro de Toledo (SP) e São Luís (MA), a Mempodera oferece, gratuitamente, aulas de wrestling — esporte historicamente dominado por homens — e inglês para meninas de 6 a 17 anos. Atualmente, 292 meninas participam das atividades, e cerca de 800 já passaram pela instituição.

A metodologia própria da Mempodera é baseada em seis pilares: criação de um ambiente seguro e exclusivo para meninas; atuação acolhedora da equipe, sem gritos ou punições; inclusão de participantes de diferentes idades; uso de jogos e brincadeiras para ensinar conteúdos como inglês e wrestling; intencionalidade nas atividades socioeducativas; e estímulo à cooperação e ao cuidado com o espaço coletivo.

“Trilhamos um caminho até chegar a essa forma de desenvolver as atividades com o lúdico, de ensinar o wrestling e o inglês desta forma, e até os dois em conjunto. A nossa metodologia se refere à forma Mempodera de ensinar. Dentro disso tudo do lúdico, temos muitas outras questões que nós defendemos. Queremos que as alunas e a equipe consigam crescer dentro da instituição e possam trabalhar e estudar em um ambiente saudável”, explica Mayara Graciano, coordenadora da Mempodera.

Além do esporte e da língua inglesa, a organização realiza oficinas sobre saúde, política e equidade de gênero, reforçando a autonomia e a cidadania das participantes. A equipe da organização é composta majoritariamente por mulheres pretas, pessoas trans e integrantes da comunidade LGBTQIAP+.

Com o objetivo de expandir a forma de atuação para outras organizações da sociedade civil, principalmente as que atuam com crianças e precisam criar um ambiente seguro para o público feminino, colégios e até ambientes corporativos, a Mempodera realiza o processo de replicação da metodologia. Em maio, a coordenadora e o assistente de processos administrativos e fundador do Coletivo AMEM, Gabriel da Silva, palestraram no Sesc de Mogi das Cruzes (SP) para mais de 20 líderes e gestores de organizações sociais do entorno.

Mayara destacou a criação de um espaço seguro para as meninas no esporte, já Gabriel focou na parte metodológica que abrange temas como a decolonialidade e o letramento racial. “Usamos saberes acerca de políticas sociais e decoloniais na intenção de que nossas beneficiárias se empoderem e tenham conhecimento das suas potências como pessoas e como cidadãs”, ressalta.

Até mesmo em temas sociais, o lúdico é utilizado para trazer a conscientização. “Atuamos em parceria com escolas do sistema público de ensino, associações e mais instituições que se interessam em ter a Mempodera como uma de suas atividades. Mas o foco é sempre em ajudar o empoderamento de meninas de regiões periféricas”, frisa Gabriel.