Mulheres têm mais preparo, mas ocupam só 10% dos cargos de CEO nos EUA

Relatório mostra que, mesmo com currículos mais robustos, mulheres continuam sendo minoria entre os principais cargos de chefia nas maiores empresas dos Estados Unidos

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O topo das maiores empresas dos EUA continua majoritariamente masculino — só 9,6% são lideradas por mulheres Foto: Pexels

As mulheres que chegam ao topo das empresas americanas costumam ser mais qualificadas do que os homens que ocupam o mesmo posto. Ainda assim, continuam sendo exceção. É o que revela o relatório Barriers and Breakthroughs 2025, produzido pela organização Women’s Power Gap com base em dados das 500 maiores companhias listadas na bolsa norte-americana.

Segundo o levantamento, apenas 48 empresas são atualmente lideradas por mulheres — o equivalente a menos de 10% do total. Embora o número tenha crescido em relação ao início dos anos 2000, quando eram apenas nove, o avanço ainda é lento. O relatório mostra que, mesmo quando estão bem posicionadas na hierarquia, as mulheres esbarram em barreiras estruturais e simbólicas para alcançar o cargo de CEO.

Em 2024, por exemplo, apenas 17% dos novos CEOs nomeados pelas empresas do S&P 500 eram mulheres — 11 entre 64 nomeações. Um índice que contrasta com o número de mulheres que já ocupavam cargos tradicionalmente considerados “trampolins” para a presidência, como COO, presidente ou chefe de divisão. Nessas posições, elas representavam 24% dos executivos no pipeline de sucessão.

A pesquisa também revela que as mulheres que se tornam CEOs têm trajetórias mais longas e diversificadas, e são 32% mais propensas a terem ocupado o cargo de presidente antes da nomeação final — uma experiência prévia considerada altamente estratégica. Já os homens costumam ascender mais rapidamente a partir de cargos operacionais.

Outro ponto levantado pelo estudo é a distribuição desigual nas funções de alta gestão. Enquanto mulheres são maioria em áreas como Recursos Humanos (76%) e Marketing (56%), sua presença em departamentos financeiros ou operacionais — vias mais diretas para a presidência — ainda é limitada. Para a organização responsável pelo relatório, isso demonstra como a cultura corporativa ainda subvaloriza habilidades ligadas à gestão de pessoas, historicamente associadas às mulheres.

Apesar da sub-representação, o estudo indica que o pipeline feminino existe e é qualificado — o problema está na conversão. “Para cada dez mulheres que ocupam cargos de lançamento, apenas três chegam ao topo. Isso evidencia a necessidade de reavaliar critérios de promoção, combater o viés inconsciente e diversificar os perfis considerados elegíveis à presidência”, aponta o relatório.

A publicação também destaca o papel das empresas na promoção de mudanças estruturais, como a adoção de metas claras de diversidade, o fortalecimento de programas de mentoria e a valorização de trajetórias não lineares, sobretudo aquelas que passam por áreas historicamente desconsideradas como estratégicas.