Quase 9 em cada 10 mulheres empreendedoras no Brasil já se endividaram, e 68% tiveram um pedido de crédito negado. É o que aponta um levantamento da Serasa em parceria com a Opinion Box, que detalha os principais desafios enfrentados por mulheres que tentam manter um negócio próprio no país.
Além do alto índice de negativação e da dificuldade de acesso ao crédito, a pesquisa também revela que a maior parte das empreendedoras (74%) precisa recorrer a trabalhos informais — os chamados “bicos” — para complementar a renda. Os dados indicam que, apesar da motivação para empreender estar ligada à busca por autonomia e flexibilidade, a realidade financeira ainda é marcada por instabilidade e limitações estruturais.
Para 35% das mulheres entrevistadas, a falta de financiamento foi apontada como o principal obstáculo para o crescimento dos negócios. A maioria (75%) já precisou recorrer a algum tipo de crédito para manter a empresa ativa, mas muitas enfrentam recusa, o que compromete não apenas a sobrevivência do negócio, mas também sua capacidade de inovar, investir ou contratar.
Outro fator que agrava o cenário é a sobrecarga doméstica. Segundo o levantamento, 73% das empreendedoras relatam que a divisão desigual do trabalho não remunerado dificulta a gestão e o desenvolvimento da empresa. A “dupla jornada” consome tempo e energia que poderiam ser destinados à capacitação ou ao planejamento estratégico. O estudo evidencia que o caminho da autonomia financeira por meio do empreendedorismo feminino ainda é permeado por barreiras financeiras e sociais.