Deixar um emprego estável, abandonar a faculdade depois de anos de estudo e recomeçar do zero: escolhas como essas marcaram a trajetória de Mariana Achutti. A convicção de que seria empreendedora a levou a fundar a NewNew, empresa voltada à transformação da educação corporativa por meio de métodos disruptivos. Sua trajetória, no entanto, começou anos antes, quando deixou um emprego estável em uma agência de publicidade para ingressar na Perestroika, uma escola criativa no sul do Brasil.
Primeira aluna do curso de atendimento, Mariana abriu mão de uma vaga em administração para se dedicar a um novo estudo. “Eu amava ir para a faculdade, mas não me formei. Após oito anos estudando, decidi sair sem o diploma”, conta.
A experiência em sala de aula levou a empresária a explorar novas maneiras de ensinar e aprender. “À medida que crescemos, vamos deixando de lado a curiosidade de criança e seguimos estudando do jeito que nos é imposto”, destaca.
Com a inquietação vieram oportunidades e Mariana foi convidada a se tornar sócia da Perestroika. Poucos meses depois, deixou Porto Alegre rumo ao Rio de Janeiro. “O objetivo era expandir a marca, levando uma unidade para a cidade”, afirma.
Na mesma época, Mariana recebeu novos convites profissionais, entre eles o de criar uma metodologia de educação voltada à empresas (B2B) para a Universidade Reserva, ainda em fase de desenvolvimento. “Conheci o Rony Meisler, fundador da empresa, e ele me chamou para esse desafio”, relembra.
No grupo, assumiu o cargo de gerente de felicidade, responsável por estruturar a área de gestão de pessoas e conduzir eventos e ações estratégicas ligadas à evolução e ao fortalecimento da cultura da empresa.
Equilibrando diferentes frentes, entre sociedade e cargos, um ano depois, em 2013, Mariana fundou a própria empresa de educação criativa. “A Sputnik foi um intraempreendimento muito assertivo, se tornando referência no Brasil”, afirma. Além de Mariana, outros dois sócios faziam parte da sociedade.
Com a Sputnik inicialmente estruturada, a empresária deixou o Rio de Janeiro para viver em São Paulo. Segundo ela, a capital paulista oferecia condições mais favoráveis para o crescimento da marca: “Nossa metodologia educacional foi feita para ser presencial, então se encaixava com a grande metrópole.”
Em plena ascensão, a Sputnik se consolidou no mercado de educação corporativa, atendendo marcas de renome no Brasil e no exterior. Mas a chegada da Covid-19 abalou a estrutura da empresa e mudou os rumos do negócio.
Maternidade e empoderamento feminino
Com o fim da pandemia, Mariana e os sócios se viram diante de um novo cenário, que exigiu a reformulação do plano de negócio da empresa. No mesmo período, ela descobriu uma gravidez, uma fase marcada por uma gestação repleta de desafios.
Foi nesse processo de mudanças que um novo capítulo se abriu também dentro da empresa. Ao longo de 15 anos de carreira na educação, Mariana trabalhou com diferentes profissionais, mas um nome se destacou: Camila Schneider. “Ela começou como colaboradora da Sputnik e, após a reestruturação da marca, se tornou a nova sócia”.
Mas a empresária já não se sentia realizada como no início da empresa. Para ela, faltavam avanços significativos. “Tínhamos reconhecimento no mercado e um faturamento expressivo, mas eu me via apenas resolvendo problemas de gestão.”
Mariana queria voltar a criar, “acredito que a maternidade tenha me feito repensar muitos valores e a resgatar a minha essência empreendedora.” Decidida, deixou a Sputnik para fundar a NewNew ao lado de Camila Schneider. “Mais uma vez, redesenhei um modelo de negócio e encontrei a chance de oferecer educação de qualidade a outras pessoas.”
Hoje, à frente da NewNew, Mariana retoma a inquietação que a moveu desde o início da carreira. A empresa nasceu com a proposta de reinventar a educação corporativa, apostando em metodologias criativas e colaborativas para preparar profissionais em um mercado em constante transformação.
Mais do que um novo negócio, a NewNew representa a síntese de escolhas que atravessam sua vida pessoal e profissional. Entre maternidade, empreendedorismo e a busca por novos formatos de ensino, Mariana segue abrindo caminhos para repensar como aprendemos e como trabalhamos. “Sou uma mulher ambiciosa, mas sem abrir mão dos meus valores”, finaliza.