Mulheres brasileiras querem mais diversidade na política, mostra pesquisa

Estudo revela preferência por candidaturas femininas, negras e indígenas, mas aponta que a presença de estereótipos e machismo ainda limitam sua participação

Reprodução/Geraldo Magela/Agência Senado
64% das mulheres reconhecem o preconceito contra a participação delas no poder Foto: Reprodução/Geraldo Magela/Agência Senado

Gênero e raça ainda moldam as escolhas das eleitoras no Brasil. De acordo com a pesquisa “Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado”, realizada pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o Sesc São Paulo, 89% das entrevistadas preferem candidaturas femininas, 78% demonstram preferência por candidaturas negras e 68% por candidaturas indígenas. Entre os homens, 72% afirmam votar em mulheres, 71% em pessoas negras e 62% em candidaturas indígenas, revelando grande apoio também.

Essa valorização da diversidade aparece acompanhada da defesa do regime democrático. Para 59% das mulheres, a democracia continua sendo a melhor forma de governo, enquanto apenas 4% declararam simpatia por regimes autoritários. Além disso, a defesa de pautas coletivas também se destaca, com 66% delas afirmando que votariam em candidaturas comprometidas com a proteção das terras e dos povos indígenas.

O peso dos estereótipos 

Apesar da promoção e preferência pela diversidade nas candidaturas, a presença feminina na política continua a ser alvo de resistência. Quase duas em cada três mulheres (64%) reconhecem o preconceito contra a participação delas no poder, percepção compartilhada por 55% dos homens.

Entre as justificativas, 25% das mulheres e 21% dos homens apontaram a visão masculina de que elas seriam menos competentes, inteligentes ou capazes de liderar. Outros 23% mencionaram o medo da perda de espaço no poder por parte dos homens, e cerca de 20% reconheceu o machismo aberto como razão da discriminação.

A percepção varia conforme o perfil. Mulheres mais jovens (18 a 34 anos) e com ensino superior foram as que mais apontaram a existência de preconceitos. 

Participação tímida

A participação direta na política ainda aparece em números baixos entre as mulheres. Apenas 8% delas afirmaram já ter participado de grupos, coletivos ou conselhos, e 11% disseram ter ido a manifestações. No ambiente digital, porém, 12% afirmam usar as redes sociais para defender causas, sobretudo entre as mais jovens e com ensino superior.

A terceira edição do estudo, que ouviu mais de 3,6 mil pessoas ao longo de 2023, avaliou seis eixos temáticos: cultura política e participação; imagem da mulher – machismo e feminismo; corpo, sexualidade e saúde das mulheres; violência contra as mulheres; proteção social e política de cuidados; e trabalho remunerado e não remunerado.