Mulheres têm mais escolaridade, mas continuam ganhando 20% menos que os homens

Entre as que possuem ensino superior completo, a desigualdade é ainda maior: recebem, em média, 60% do salário masculino, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quinta (9)

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As mulheres representam 0,8% dos carpinteiros e 0,88% dos pedreiros Foto: Envato

Apesar de serem mais da metade da população, as mulheres ainda têm menor remuneração no mercado de trabalho brasileiro. Os dados preliminares do Censo 2022, divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (9), mostram que, entre pessoas com 14 anos ou mais, 62,9% dos homens estavam empregados, contra apenas 44,9% das mulheres. Embora representem 52% da população, de acordo com a PNAD, elas constituíam apenas 43,6% da força de trabalho.

Observa-se maior presença em atividades tradicionalmente femininas: serviços domésticos (93,1%), saúde humana e serviços sociais (77,1%) e educação (75,3%). Outras funções em que são maioria incluem especialistas em tratamentos de beleza (95,4%) e dirigentes de serviços de cuidados infantis (96,1%).

Por outro lado, as mulheres estão praticamente ausentes de profissões como dinamitador e detonador (0,54%), carpinteiros (0,8%), pedreiros (0,88%) e condutores de caminhões pesados (1%), historicamente associadas aos homens. 

A desigualdade salarial também persiste. Em média, os homens ganhavam R$3.115 por mês, enquanto as mulheres recebiam R$2.506, uma diferença de quase 20%. Entre quem possui ensino superior, o abismo se amplia: homens com diploma completo recebiam R$7.347, enquanto as mulheres ganhavam R$4.591, pouco mais de 60% do valor. Apesar disso, elas mantêm maior escolaridade: 28,9% das mulheres ocupadas tinham ensino superior, contra 17,3% dos homens.

A cor da pele também influencia a remuneração. Trabalhadores indígenas, pretos e pardos recebem menos que brancos e amarelos em todos os níveis de instrução. Entre os com ensino superior, pessoas brancas ganham, em média, 57% a mais que pessoas pretas. 

Além disso, negros continuam concentrados em ocupações mais precarizadas, como trabalhadores elementares da caça, pesca, aquicultura (82,9%), condutores de veículos de tração animal (77,5%) e coletores de lixo e recicláveis (74,5%). As profissões de maior prestígio e renda, como médicos, arquitetos, economistas e físicos, seguem com baixa participação negra, variando entre 18% e 22%.