Martina D’Avila conecta produtores e apreciadores no mercado de cafés especiais

Com sua agência Sonimage, a empresária atua no mercado internacional de experiências de marca e lidera o Rio Coffee Nation, voltado à cultura e à valorização dos cafés especiais brasileiros

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Martina D’Avila, executiva à frente da Sonimage e idealizadora do Rio Coffee Nation Foto: Divulgação

Ao longo de mais de duas décadas de carreira, Martina Barth D’Avila construiu uma história que cruza fronteiras geográficas e simbólicas. Alemã radicada entre França e Brasil, atuou como diretora executiva e diretora-geral em agências internacionais e esteve à frente de grandes programas de hospitalidade, como duas Copas do Mundo e duas Olimpíadas. Hoje, ela comanda a Sonimage, agência focada em experiências e ativações de marca para empresas nacionais e estrangeiras, além de comandar o Rio Coffee Nation, um evento com pegada descolada que traz importantes nomes do segmento de café especial.

Desde cedo, Martina aprendeu a navegar entre identidades. Nascida na Alemanha, chegou ao Brasil aos 7 anos e, depois, viveu mais de duas décadas em Paris. É economista pela Faculdade Presbiteriana Mackenzie, mestre em marketing e comunicação pela ESPM e mestre em International Business pela Université Paris-Dauphine. Sua carreira corporativa começou no ambiente de grandes agências e eventos, em que foi diretora executiva e geral em empresas como a Added Value (do grupo WPP) na França e no Brasil, bem como Veredas (GL Events) e Iluka (CSM).

Em diversos momentos, liderou projetos de hospitalidade nas Copas do Mundo e nas Olimpíadas, experiências que a ajudaram a consolidar uma visão estratégica de projetos complexos.“O que esses eventos te ensinam é o planejamento consciente, prever tudo o que pode acontecer, tudo o que pode dar errado. Trabalhar com pessoas de origens diferentes também traz uma bagagem enorme: você precisa entender as diferenças culturais e adaptar o modo de trabalhar a cada uma delas”, conta.

Em 2014, decidiu dar um passo decisivo: fundar sua própria empresa. Nascia ali a Sonimage, com sede no Rio de Janeiro, e, hoje, também em Paris. A proposta era oferecer experiências de marca feitas sob medida, trazendo o rigor europeu e a sensibilidade brasileira para cada ativação.

Com mais de uma década, a empresa funciona de forma horizontal,o que privilegia a escuta ativa e a autonomia das equipes. “Não acredito em uma organização vertical, em que só uma pessoa decide tudo. As pessoas que trabalham comigo têm poder de decisão”, diz. A agência também é responsável por produções internacionais, como o Latin America’s 50 Best Restaurants, realizado no Brasil em 2023 e 2024 e que reuniu importantes restaurantes, como Maido, do Peru, Don Julio, da Argentina, e os célebres brasileiros A Casa do Porco e Oro.

Rio Coffee Nation

Entre os projetos autorais da Sonimage, o Rio Coffee Nation (RCN) é um especial. Criado em 2018, o evento nasceu da percepção de que faltava no Brasil uma experiência de café voltada a lifestyle e cultura. “Existem feiras de café tradicionais, mas eu queria algo que conectasse o público de forma mais viva, mais sensorial. O café é parte da cultura, não só uma bebida”, defende.

O evento, que chega à 6ª edição em 2025 (17 a 19 de outubro, no Rio de Janeiro) reúne mais de 60 produtores brasileiros que irão expor seus grãos, somando marcas de peso como Orfeu e Santa Mônica, e participações de chefs, baristas e mixologistas. A edição de 2024 reuniu mais de 50 produtores parceiros e trouxe oficinas, palestras, harmonizações, degustações gratuitas e programação musical. Também foi palco de premiações como “Melhor Café Torrado para Espresso” e da segunda edição do campeonato de baristas.

Na edição anterior, o evento registrou cerca de R$ 2 milhões em transações comerciais e ampliou a rede de relacionamento entre os diferentes elos da cadeia do café, do produtor ao consumidor final. Martina enfatiza que o RCN é construído sobre três pilares que atravessam suas edições: sustentabilidade, inclusão social e inovação.

Em 2025, o evento será carbono neutro, com compensação das emissões, políticas de “lixo zero” e proibição de plásticos descartáveis. Ainda, 10% das vendas de ingressos serão destinados ao projeto Diamantes da Cozinha, iniciativa social que capacita jovens em situação de vulnerabilidade para atuarem no setor de gastronomia.

Para ela, o RCN é também uma maneira de dar voz aos pequenos produtores e de inserir o café brasileiro no mapa gastronômico global. “Queremos que o café brasileiro seja reconhecido como ingrediente gastronômico e que tenha espaço nos melhores restaurantes, com carta própria, como ocorre com o vinho”, diz.