Mulheres recebem 21% menos que homens no setor privado; negras são as mais afetadas

Levantamento do Ministério do Trabalho mostra que, mesmo com maior escolaridade, mulheres ainda enfrentam desigualdade salarial no mercado de trabalho

Envato
Mulheres negras recebem, em média, R$ 2.986, 53,3% menos que homens brancos. Foto: Envato

No setor privado, as mulheres ganham 21,2% menos que os homens, segundo o Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado nesta segunda-feira, 3,  pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). O levantamento analisou cerca de 54 mil empresas com 100 ou mais empregados, considerando o período entre o segundo semestre de 2024 e o primeiro semestre de 2025.

Os números mostram uma tendência de aumento gradual da desigualdade: em março de 2024, a diferença era de 19,4%; passou para 20,7% em setembro, 20,9% em abril deste ano e chegou aos atuais 21,2%.

Mais mulheres no trabalho, mas com salários menores

O número de mulheres empregadas em grandes empresas cresceu de 7,2 milhões em 2023 para 8 milhões em 2025, elevando sua participação de 40% para 41,1%. Mas, apesar do crescimento, o rendimento salarial feminino representa apenas 35% do total, mostrando que o aumento da presença não significa igualdade.

A remuneração média evidencia essa disparidade: R$3.908,76 para mulheres contra R$4.958,43 para homens. A diferença se acentua para mulheres negras, que recebem, em média, R$ 2.986,50, enquanto homens não negros ganham R$ 6.391,94, 53,3% a mais. No momento da admissão, a diferença é de R$ 1.836,00 para mulheres negras contra R$ 2.764,30 para homens não negros, ou 33,5% a menos.

No Brasil, a desigualdade varia entre os estados: Paraná e Rio de Janeiro registram 28,5%, Santa Catarina e Mato Grosso 27,9%. Já Piauí (7,2%), Amapá (8,9%) e Acre (9,1%) apresentam os menores índices.

Por que ainda existe essa diferença?

Segundo as empresas, os principais fatores que justificam a desigualdade salarial são: tempo de experiência na função (78,7%), cumprimento de metas (64,9%) e plano de cargos e salários (56,4%).

Apesar disso, apenas 38,9% das empresas possuem políticas de promoção de mulheres, 21,9% oferecem auxílio-creche, 20,9% adotam licença parental estendida e 44% disponibilizam flexibilidade de jornada.

O relatório aponta que algumas empresas têm buscado estratégias para aumentar a diversidade:

  • 39% implementam políticas de promoção de mulheres;
  • 23% priorizam mulheres negras;
  • 20% apoiam mulheres com deficiência;
  • 19% incentivam a entrada de pessoas LGBTQIA+ e de mulheres chefes de família.

 

No entanto, grupos historicamente marginalizados seguem recebendo atenção menor: apenas 7,8% das empresas incentivam mulheres indígenas e 7,3% mulheres vítimas de violência.