Amanda Ferber ainda era uma caloura de arquitetura quando começou a compartilhar, nas redes sociais, os projetos urbanos que encontrava nos livros. Fascinada por design arquitetônico desde criança, ela transformou a curiosidade de estudante em uma plataforma que hoje reúne mais de três milhões de seguidores.
Criado em 2013, o Architecture Hunter se consolidou como uma das principais páginas independentes de arquitetura na internet, atraindo a atenção de nomes como Mark Zuckerberg, Alex Hanazaki e Jean Nouvel.
Antes mesmo de Amanda concluir a faculdade, o perfil já havia ganhado projeção global. “No dia 3 de junho fiz o primeiro post e, quando cheguei ao último semestre, o Architecture Hunter alcançou um milhão de seguidores”, lembra.
Feito para ser um arquivo pessoal, a arquiteta não tinha intenção de viralizar e nem de conquistar reconhecimento, seu único objetivo era comunicar a arquitetura de forma simples. “Sempre fui muito apaixonada, a minha empolgação gritava, e quando eu via algo que me inspirava, precisava compartilhar”, conta.
Anônima por muitos anos, Amanda escrevia os posts em inglês, mas publicar em outro idioma era, na verdade, um exercício de prática bilíngue e não uma decisão estratégica. O hábito, porém, acabou ampliando o alcance da página e atraindo seguidores de diferentes partes do mundo. “Lembro de ver pessoas na sala de aula tentando decifrar de quem era o perfil”, detalha.

O perfil de arquitetura de Amanda Ferber acumula 3,2 milhões de seguidores no Instagram
Mas a jovem arquiteta não despertava curiosidade apenas entre estudantes, profissionais renomados da área também começaram a notar seu trabalho. “O Instagram era uma rede social muito nova na época. As pessoas ainda usavam mais o Facebook, então não se sabia muito sobre o alcance da plataforma”, diz.
Entre a vida real e o digital
Com o tempo, a visibilidade virtual começou a abrir portas fora das redes. Nascida e criada em São Paulo, Amanda sempre admirou arquitetos do estado, com destaque para Marcio Kogan, do Studio MK27. Ela o conheceu durante o lançamento de um livro e, ao comentar sobre seu fascínio por design arquitetônico, acabou recebendo um convite para conhecer o escritório.
Meses depois, ao sair com uma amiga, Amanda percebeu que estava em frente ao prédio do arquiteto e tomou coragem para entrar. “Eu era uma jovem tímida, sem muita desenvoltura para falar em público, no entanto, decidi me apresentar novamente”, lembra.
A atitude deu resultado, a estudante não só conheceu o espaço, como também conquistou uma vaga de estágio no escritório do arquiteto. “Ele não tinha estagiários, mas o meu interesse chamou atenção e me permitiu passar dois meses vivendo experiências diversas dentro do Studio MK27”, conta.
Conciliando a faculdade, o estágio e as publicações no Architecture Hunter, Amanda recebeu uma proposta para trabalhar na plataforma ArchDaily. “Assim que encerrei o estágio, o diretor me convidou para fazer parte do grupo dele”, lembra.
Como colaboradora, ela se aprofundou na comunicação de arquitetura, mas logo percebeu que poderia criar ainda mais com seu próprio projeto. “Aos poucos, fui me revelando para o mercado e desenvolvendo novas ideias”, conta.
Foi então que surgiu a vontade de produzir vídeos, um formato ainda pouco explorado, que permitisse apresentar projetos de arquitetura de forma mais dinâmica e acessível, conectando o público à estética e aos detalhes do trabalho de diferentes profissionais.
Com um número maior de publicações, a arquiteta abriu um canal no YouTube e começou a projetar o lançamento de um aplicativo. “A conta no Instagram já estava monetizada e, com o retorno da publicidade, eu consegui pagar uma produtora”, detalha.
O ritmo de produção seguia intenso, até que a pandemia da covid-19 interrompeu os planos e forçou uma pausa nas gravações. “O momento pedia para parar, mas eu estava muito ansiosa com tudo o que estava acontecendo e queria reformular de alguma forma”, diz.
A pausa, no entanto, acabou se tornando um ponto de virada. Com mais tempo para refletir sobre os rumos do projeto, Amanda estruturou novas frentes de atuação e transformou o Architecture Hunter em uma marca, firmando sociedade com mais dois profissionais e expandindo sua presença no mercado internacional.
Hoje, aos 29 anos, Amanda já foi destaque na Forbes Under 30 Brasil e eleita pela plataforma Feedspot como uma das influenciadoras digitais mais relevantes do segmento, título que, apesar de não buscar, reconhece o impacto do trabalho que ela construiu. “Meu propósito sempre foi tornar a comunicação da arquitetura mais acessível e direta, algo que se concretizou com o trabalho coletivo de um grupo que acredita na mesma visão”, concluiu.