Agosto foi escolhido como o mês de incentivo à amamentação em razão da Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM), que acontece de 1 a 7 de agosto. Com o objetivo de promover, proteger e apoiar a amamentação em todo o mundo, o evento foi estabelecido pela Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (WABA) em 1992, com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

O Agosto Dourado é uma campanha que se iniciou no Brasil em 2017, através de uma ação do Ministério da Saúde e outras organizações, para incentivar o aleitamento materno. O nome “dourado” representa o padrão ouro da alimentação infantil, que é o leite materno. Durante todo o mês de agosto, atividades e eventos são organizados para conscientizar a população sobre os benefícios da amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida do bebê e seu impacto positivo na saúde tanto da criança quanto da mãe.
É claro que entendemos e valorizamos o papel do aleitamento materno durante os primeiros dois anos de vida das crianças, especialmente nos primeiros seis meses, mas será que é tudo tão dourado assim?
O aleitamento pode parecer algo simples e intuitivo para nós, mamíferos, mas a prática é bem diferente da teoria. Amamentar não é simples, não é fácil e requer muita atenção às lactantes, que muitas vezes são engolidas por todo esse processo.

Os maiores desafios durante a amamentação podem variar de mãe para mãe, mas alguns dos mais comuns incluem:

1. Dor e desconforto: muitas mães sentem dor nos mamilos, especialmente no início da amamentação, devido à fissuras. Existem maneiras de preparo de mamilos antes do parto, que podem minimizar o desconforto e também tratamentos a serem utilizados uma vez que a fissura apareceu, como pomadas e laser.

2. Pega Incorreta e dificuldade de manter o recém-nascido mamando: a dificuldade do bebê em pegar corretamente o seio pode levar a uma amamentação ineficaz e à dor para a mãe. Assim como nas primeiras semanas, os bebês são menos eficientes durante as mamadas e o processo pode se alongar por horas.

3. Hipogalactia (baixa produção de leite): Algumas mães podem sentir que não estão produzindo leite suficiente para satisfazer o bebê, o que pode ser causado por vários fatores, incluindo falta de sono, estresse e má alimentação ou hidratação inadequada. As cirurgias mamárias prévias, em especial a mamoplastia redutora, também pode interferir negativamente na produção e ejeção do leite

4. Ingurgitamento mamário: O excesso de leite acumulado nos seios pode causar dor e inchaço, tornando a amamentação desconfortável. Também pode desencadear uma mastite, que é a infecção do tecido mamário que causa dor, inchaço, calor e vermelhidão na mama, além de sintomas semelhantes sistêmicos, como febre, mal estar e anedonia.

5. Desafios emocionais: sentimento de frustração, exaustão e dúvida sobre a capacidade de amamentar podem afetar negativamente a experiência da mãe e isso precisa ser valorizado.

7. Falta de apoio: a ausência de suporte de familiares, amigos ou profissionais de saúde, ou seja, uma rede de apoio adequada pode dificultar a continuidade da amamentação. Outras vezes o excesso de opiniões variadas e discordantes também podem atrapalhar o processo.

8. Retorno ao trabalho: a volta ao trabalho pode tornar a amamentação mais difícil, exigindo a extração e armazenamento do leite materno, o que nem sempre é possível. Muitas mulheres não tem sequer direito a licença maternidade, por serem arrimo de família e precisarem trabalhar sem descanso.

9. Condições médicas do bebê: problemas como a língua presa (anquiloglossia) ou refluxo gastroesofágico podem dificultar a amamentação.

10. Pressões sociais: normas culturais e expectativas sociais podem impactar negativamente a amamentação, causando pressão ou julgamento.

É fundamental apoiarmos as mulheres nesse momento tão precioso e único da vida delas e de seus bebês. E para mulheres que estejam vivendo um mês não tão dourado assim, buscar orientação e suporte de profissionais de saúde, como consultores de lactação e participar de grupos de apoio pode ajudar a superar muitos desses desafios.

 

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da IstoÉ