Quando um candidato a um cargo político sofre um ataque ou está envolvido em um incidente dramático, pode ocorrer o chamado rallying effect. Esse fenômeno faz com que a população se una em torno do líder atacado, fortalecendo sua posição e aumentando seu apoio popular, mesmo entre aqueles que não o apoiavam anteriormente.
Uma imagem vale mais do que mil palavras. A foto de Donald Trump baleado de raspão na orelha, sangrando, de punho erguido e cercado por agentes do FBI, tendo ao fundo a bandeira norte-americana, tornou-se um símbolo histórico e já está sendo explorado pelo marketing da atual campanha presidencial nos Estados Unidos.
A imagem captada pelo fotógrafo Evan Gucci, da agência Associated Press, é estética e tecnicamente perfeita, porque captura símbolos diversos em meio ao desespero. Por certo, o atentado robusteceu a candidatura de Trump, que soube aproveitar o episódio trágico, apesar do estresse no momento. O gesto de erguer o punho e gritar conferiu ao candidato um capital político muito potente nesta eleição. Esta imagem percorreu o mundo, influenciando o imaginário social. O atentado fortaleceu a candidatura de Trump, com mercados financeiros reagindo favoravelmente às suas chances de vitória.
Um evento trágico que fortalece a posição de um candidato pode simultaneamente enfraquecer a posição de seus oponentes. No caso descrito, o atentado a Trump poderia levar Joe Biden a reconsiderar sua candidatura, percebendo a dificuldade de superar a nova onda de apoio ao seu rival.
Um líder que aparentemente enfrenta um ataque com coragem e resiliência pode ganhar o respeito e admiração do público. O gesto de erguer o punho de Trump é um exemplo de como ações simbólicas podem se traduzir em capital político, fortalecendo a narrativa de liderança forte e determinação.
A campanha à presidência dos Estados Unidos sempre repercute em nível global. Sob os efeitos dos tiros disparados no comício em Butler, os mercados aumentaram as apostas na vitória de Trump. No site Prediclit, as chances de o ex-presidente vencer subiram de 60% para 67%, com reflexo sobre as projeções futuras das bolsas, fazendo despencar as bolsas e moedas dos mercados emergentes. (“Tiros, marketing e impacto econômico: o que o atentado a Trump nos revela”)
O retorno de Trump ao poder pode mudar muita coisa na economia norte-americana e, por consequência, no resto do mundo. Há por exemplo a expectativa de uma reforma tributária, com corte nos impostos a serem compensados com aumento na taxação das importações, o que mexe com empresas exportadoras de diversos países que vendem para os EUA.
Eventos dramáticos podem causar flutuações significativas nas pesquisas eleitorais. O apoio pode aumentar ou diminuir drasticamente dependendo de como o candidato e sua campanha gerenciam a situação. A reação do público e da mídia é crucial nesse contexto.
Tudo indica que o atentado contra Trump será capaz de demover o presidente Joe Biden a seguir na corrida presidencial. A expectativa, segundo analistas políticos, aponta que a alternativa mais prudente seria ceder seu lugar na disputa para a vice-presidente Kamala Herris.
A vice-presidente apareceu empatada com Trump em três pesquisas feitas após o debate televisivo de 27 de junho, em que Biden teve participação desastrosa no enfrentamento a Trump. A pesquisa mais recente, da ABC-WashingtonPost-Ipsos, divulgada no dia 11 deste mês, trouxe a vice-presidente com 49% das intenções de voto, contra 47% de Trump, no caso de uma disputa direta entre os dois, num evidente empate técnico.
Porém, como todo evento impactante tende a repercutir por dias em canais de TV, jornais, sites e revistas, ainda haverá muito pano nas mangas para Trump fazer o que sabe bem: marketing político. Além do impacto imediato nas eleições, eventos dramáticos podem ter consequências a longo prazo na política e na sociedade. Eles podem influenciar políticas de segurança, legislação, e até mesmo mudanças na cultura política de um país. Atentados contra políticos são momentos críticos que podem transformar o cenário de maneiras profundas e inesperadas. Afetam políticas de segurança e alteram a percepção pública dos líderes envolvidos, não só nas eleições imediatas, mas também moldam a narrativa política, influenciando o destino socioeconômico em nível global.
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