O Ceará se destaca no cenário nacional quando o assunto é empreendedorismo feminino. De acordo com a segunda edição do Atlas dos Pequenos Negócios, estudo elaborado pelo Sebrae em setembro, o estado ocupa o segundo lugar no país em proporção de mulheres donas de negócios, formais ou informais, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro.
Entre os cerca de 1,2 milhão de empreendedores cearenses, mais de 432 mil são mulheres, o que representa 36% do total. A pesquisa mostra, no entanto, que o avanço da presença feminina no setor ainda convive com desafios estruturais: 93,3% das empreendedoras trabalham por conta própria, 91,4% não têm sócios e 82,7% atuam na informalidade.
A desigualdade de renda também está presente. Mais de 66% das mulheres que tocam seus próprios negócios vivem com até um salário mínimo, enquanto apenas 2,4% recebem o equivalente a cinco salários mínimos ou mais.
Perfil das empreendedoras cearenses
A atuação feminina se espalha principalmente pelos setores de Serviços (41,5%) e Comércio (32,3%), seguidos pela Indústria (22,4%), Agropecuária (3%) e Construção (0,7%). Elas são majoritariamente pretas ou pardas (73,3%), e mais da metade (56,3%) são chefes de família, sendo as principais responsáveis pelo sustento do lar.
No campo da educação, o levantamento aponta que 43,9% têm o ensino médio completo ou incompleto, 28,6% cursaram apenas o ensino fundamental, 18,5% chegaram ao ensino superior e 1,6% não têm instrução formal.
A rotina dessas mulheres é marcada pela dupla ou tripla jornada, com a maioria também sendo responsáveis pelos trabalhos domésticos e de cuidado. Segundo o levantamento, quase 40% delas dedicam entre 14 e 40 horas semanais ao próprio negócio, enquanto 30,8% ultrapassam as 40 horas.
Lançado pelo Sebrae em setembro de 2025, a segunda edição do Atlas dos Pequenos Negócios é considerado o levantamento mais abrangente sobre a atuação de MEIs (microempreendedores individuais), MEs (microempresas) e EPPs (empresas de pequeno porte). As informações completas estão disponíveis no DataSebrae.