Cintia Abravanel transforma bastidores em arte e faz da reinvenção sua marca

Filha mais velha de Silvio Santos, ela construiu uma trajetória própria no teatro e nas artes plásticas

Leo Monteiro/CDI
Foto: Leo Monteiro/CDI

Responsável por transformar o Teatro Imprensa em um espaço de formação cultural e incentivo à leitura, Cintia Abravanel aprendeu a dirigir um espaço cênico “na raça”. “Meu pai me jogou lá e disse: vai lá e toca. E eu fui aprender com quem faz teatro”, lembra a primogênita de Silvio Santos em entrevista ao IstoÉ Mulher + Fructus Entrevista. A experiência nos bastidores despertou um olhar apurado para o processo criativo e para o papel social da arte.

Ao longo de mais de uma década à frente do teatro, ela priorizou montagens que aproximavam o público jovem dos clássicos literários brasileiros. “Nosso objetivo não era substituir a obra, e sim incentivar a leitura. Fizemos projetos em parceria com escolas municipais, estaduais e particulares, com cadernos do professor, do aluno e concursos de redação”, conta.

Com produções inspiradas em Monteiro Lobato e Clarice Lispector, Cíntia formou plateias, levou quase milhares de crianças ao teatro e defendeu que o palco é também um instrumento de educação. “A gente produzia para incentivar o uso do espetáculo com o livro em sala de aula. O objetivo era o exercício da leitura”, resume. O trabalho constante, unindo espetáculos adultos e infantis, consolidou o espaço como referência de programação e formação de público.

Encerrado o ciclo do Teatro Imprensa, ela voltou às artes plásticas. “É libertador não ter que lidar com ego, com mimimi. Só depende de mim. Se não gosto, desmancho e faço de novo”, diz. Seus desenhos, marcados por traços geométricos e cores intensas, nasceram de um processo intuitivo. “Descobri que tenho déficit de atenção e uso o desenho como mecanismo de concentração. Desenhar é meu jeito de ouvir”, afirma. Dessa prática surgiram séries como Reuniões e uma oficina própria, equipada com forno e máquinas de corte a laser, de onde saem suas obras em acrílico.

O percurso, que começou nos bastidores e se estendeu às telas, é também uma história de resistência e reconstrução pessoal. “Eu sou uma fênix. Renascer das cinzas, sempre”, define.
Hoje, aos 62 anos, ela se vê em um momento de plenitude, ao lado dos filhos e netos que seguiram caminhos ligados à arte. “A sensação é de missão cumprida. Saber que eu fui um bom exemplo”, afirma. O legado de trabalho herdado do pai se traduz em uma ética de simplicidade e responsabilidade. “Ele dizia: o sucesso é 10% de inspiração e 90% de transpiração. Eu aprendi que sucesso é consequência de um trabalho bem feito”, recorda. Confira o papo na íntegra: