Vencedora do Grammy Latino em 2022, a cantora lançou seu segundo álbum no início desta semana, na segunda-feira, pontualmente às 21h – e em menos de 24 horas conseguiu 6 milhões de plays, colocando 13 das 14 faixas de “Caju” no top 100 das mais tocadas no Brasil.

Com influências claras do jazz, samba e blues, o álbum revela uma Liniker mais madura e determinada em relação ao primeiro LP solo. Todo o disco foi gravado de forma analógica e com músicas com pouco mais de 7 minutos, indo na contramão do que se vê atualmente no mercado. As 14 faixas de “Caju” somam mais de uma hora de música, e incluem parcerias com notáveis como Lulu Santos e Pablo Vittar.

Em suas composições, Liniker fala sobre o amor, mas não apenas o amor romântico. A cantora busca composições em que possa cantar o amor próprio, celebrando seu próprio sorriso, sua autoestima. Na verdade, ela encarna o seu próprio sonho – e também a sua própria descoberta.

Para conhecer um pouco mais do novo trabalho da cantora, a faixa “Me ajude a salvar os domingos” é uma boa opção. Liniker de Barros Ferreira Campos é paulista, natural de Araraquara. Criada pela mãe e nascida numa família de músicos, ganhou o nome de batismo em homenagem ao futebolista inglês Gary Lineker, artilheiro da Copa de 1986.

Mulher trans, ela passeia pelo samba, soul e jazz em suas músicas, que se conectam à negritude e ao amor, temas centrais de suas obras. A cantora começou sua carreira aos 19 anos, despontando no ano de 2015 com o EP “Cru”, ao lado da banda “Os Caramelows”. Juntos lançaram dois discos, “Remonta” e “Goela Abaixo”.

Com seu primeiro disco solo, “Índigo Borboleta Anil”, tornou-se a primeira travesti a ganhar o Grammy Latino, em 2022, na categoria Melhor Álbum de Música Popular Brasileira.

Compositora e atriz, também já realizou projetos no audiovisual, como na série “Manhãs de setembro”, em 2021, da Amazon Prime, onde viveu Cassandra, uma mulher trans que vive sua independência, mas é controlada por um filho que teve no passado.

Com o lançamento do novo álbum, “Caju”, a cantora se consagra no cenário pop brasileiro, indo além da sua música e sua potência vocal – tornou-se um símbolo de resistência e representatividade social como mulher trans, que fala e escreve sobre o afeto e a paixão abertamente.

 

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da IstoÉ