Com Sanae Takaichi, 27 países têm mulheres no comando do Executivo

Apesar da decisão histórica do Japão, o topo da política global continua majoritariamente masculino

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Sanae Takaichi se tornou a primeira mulher eleita como primeira-ministra do Japão Foto: AP Photo/Eugene Hoshiko

O Japão entrou para a história nesta terça-feira (21) ao eleger Sanae Takaichi como sua  104ª primeira-ministra e a primeira mulher a ocupar o cargo, transformando-se no 66º país do mundo a ter uma mulher no comando do poder executivo desde 1960. O caminho até aqui começou há mais de seis décadas, quando Sirimavo Bandaranaike, do Ceilão, atual Sri Lanka, se tornou a primeira mulher do mundo a chefiar um governo em 1960, como primeira-ministra. 

Desde então, somente em 1980 a islandesa Vigdis Finnbogadottir assumiu como primeira presidente eleita, abrindo espaço para que outras mulheres ocupassem o cargo, número que cresceu de forma lenta, mas constante, ao longo dos anos. 

Em 2025, 26 países eram liderados por mulheres, segundo dados da Women’s Power Index. Entre eles, Liechtenstein, Namíbia e Suriname, que elegeram suas primeiras líderes nesse ano. Com a chegada da primeira-ministra japonesa, esse número subiu para 27. Porém, dos 193 países do mundo, 104 ainda não tiveram nenhuma mulher como chefe de Estado.

Entre as atuais líderes estão as primeiras-ministras Mette Frederiksen, da Dinamarca, Giorgia Meloni, da Itália e Yulia Svyrydenko, da Ucrânia. Algumas das mulheres na presidência são Droupadi Murmu, da Índia, Dina Boluarte, do Peru e Karin Keller-Sutter, da Suiça. 

A proporção de mulheres se mantém similar ao redor do mundo, representando cerca de metade da população. Porém, em apenas 9 países elas compõem ao menos 50% do gabinete nacional, e, na legislatura, somente em 6. Ao analisar todos os níveis do governo, apenas 30 países atingem essa porcentagem.  

Panorama global de participação feminina

Entre os 50 países com maior PIB, 35 (70%) já tiveram ao menos uma líder mulher, enquanto 13 tiveram mais de uma, segundo a Foreign Policy. A Europa lidera em representatividade feminina: cerca de 65% dos países do continente já foram governados por mulheres. Entre elas, Angela Merkel, chanceler da Alemanha, permaneceu no poder por 16 anos, e Dame Eugenia Charles, primeira-ministra da Dominica, por 14 anos.

Outras líderes com mandatos longos incluem Ellen Johnson Sirleaf, presidente da Libéria por 12 anos, e Sheikh Hasina, de Bangladesh, que governou o país por mais de 20 anos somando seus dois períodos de governo.

Apenas 15 países desde 1960 tiveram mais de uma mulher na liderança, com Finlândia, Islândia, Moldávia, Nova Zelândia e Reino Unido chegando a ter três líderes cada. A Suíça é o país com mais mulheres a ocupar o cargo, com cinco mulheres ocupando a presidência da Confederação (que possui mandato de um ano).

O cenário na América Latina

No continente americano, a primeira mulher a assumir a chefia de Estado foi Isabel Perón, que se tornou presidente da Argentina em 1974 e a primeira mulher a assumir esse cargo no mundo, após a morte de seu marido, Juan Perón. Mais recentemente, em 2024, o México elegeu Claudia Sheinbaum, sua primeira presidente mulher.

No Brasil, a história se limita à ex-presidente Dilma Rousseff, eleita em 2010 e reeleita em 2014. Apesar desse precedente, a presença feminina em cargos políticos ainda é restrita: as mulheres ocupam apenas 18,1% das cadeiras na Câmara dos Deputados e 19,8% no Senado, colocando o país em 133º lugar no ranking global de representatividade feminina nos parlamentos, segundo dados da ONU Mulheres (2025).