Não queria começar reclamando e nem vestindo a camiseta do cansaço porém… Argh sim, eu concordo comigo mesma, deveria ter uma ideia melhor para uma coluna, é lógico que eu deveria ter uma ideia melhor mas não tenho, fazer o quê?
Tanta coisa acontecendo e também tanta coisa não acontecendo enquanto muita coisa acontece, não é?

Veja só, quem diria que o Big Brother viraria o grande programa educador das pautas relevantes do momento, viraria a fonte, como pode isso? Ninguém precisa ver o Big Brother para saber o que acontece no Big Brother – até porque uma mãe cansada não consegue se manter em pé às 23h30min. É só você existir e mesmo que não queira ou verdadeiramente não se interesse, você saberá de tudo o que se passa na casa mais vigiada do Brasil.

Fico imaginando que deveriam criar um Mama Brothers. Ali só entrariam as mulheres cansadas para que pudessem reclamar que estão cansadas e que tem que trabalhar e ganhar dinheiro, ao mesmo tempo que precisam arranjar uma programação saudável looooonge de telas para suas crianças. Isso dá muito trabalho e, acredite, mais do que o próprio trabalho.

A derradeira pauta do momento para as mulheres cansadas é se culpar por estarem cansadas. Se culpar por reclamar de ter que  repetir 250 vezes ao dia a mesma coisa, tentar convencer os pequenos seres que a vida on-line vai fritar os cérebros deles e sempre ouvir: ah, mas não tem nada para fazer. Então faça uma sucessão de nadas para que desse nada surja um nada interessante!!! E assim me torno a pior mãe do mundo.

Paciência, paciência, onde você foi parar? Queria dobrar a esquina e encontrar com ela, abraçá-la, me lambuzar dela e virar uma entidade da paciência, mas estou muito longe desse ideal.

Quero participar do Mama Brothers para poder reclamar junto com outras mães reclamonas e isso virar uma pauta relevante para que a gente possa parar de se culpar. Fazer algo em conjunto alivia a culpa. Acho que deve ter a ver um pouco com a solidão de se sentir a única a fazer algo socialmente tido como errado.

Mas tudo isso são os ditos “white people problems” e, como diz a Fernanda Torres, estamos todos perdidos sem saber o que fazer com as nossas opiniões e sem entender mais o porquê de emití-las já que nada disso mais importa.
Ainda faltam duas semanas para o fim das férias – que não são minhas – e preciso encontrar alguma poesia nisso tudo.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.