Desigualdade de renda ainda predomina no Brasil, apesar de avanços

Novo relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades revela queda no desemprego e aumento da renda, mas mulheres seguem atrás, principalmente as negras

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Mulheres têm renda inferior e maior taxa de desemprego, segundo relatório Foto: Canva

O Observatório Brasileiro das Desigualdades 2025, lançado nesta quinta-feira (28) em Brasília pelo Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades e produzido pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), revela um panorama que mistura avanços e desigualdades persistentes. Apesar da melhora em alguns indicadores de emprego e renda, as mulheres continuam em desvantagem no mercado de trabalho, sendo que as negras permanecem na base da pirâmide social.

Em 2024, o rendimento médio do brasileiro chegou a R$3.066, uma alta de 2,9% em relação a 2023. O problema é que o avanço foi maior entre os homens (3,1%) do que entre as mulheres (2,6%). Diante disso, elas seguem recebendo, em média, apenas 73% da renda masculina.

No que diz respeito ao gênero e raça, a desigualdade é evidente. As mulheres negras foram as que mais cresceram em renda (5,2%), superando a média nacional. Mas, mesmo assim, seu salário médio ficou em apenas R$ 2.008, o equivalente a 43% do que ganham os homens não negros (R$ 4.636).

A diferença de renda entre as regiões também é grande. Entre 2022 e 2024, o rendimento médio mensal das mulheres cresceu 11%, mas, em 2024, uma mulher do Nordeste recebia, em média, apenas 62% do que ganhava uma mulher do Sul.

Emprego e educação

A taxa de desocupação recuou de 7,8% em 2023 para 6,6% em 2024, o menor índice desde 2015. Entre as mulheres, a queda foi ainda maior, de 9,5% para 8,1%. Mas a taxa de desemprego continua acima da masculina e com fortes desigualdades regionais: no Nordeste, 9% das mulheres estavam sem trabalho no ano passado; no Sul, apenas 4,2%.

No que diz respeito ao acesso à educação,  25,1% das brasileiras têm diploma universitário, contra 19,1% dos homens. Mas, entre as mulheres não negras, 32,4% alcançam o ensino superior, enquanto apenas 20,3% das mulheres negras conseguem o mesmo. A escolaridade maior, nesse cenário, não tem se convertido em igualdade no mercado de trabalho.

A sub-representação na política 

Na política, a presença feminina segue baixa. Em 2024, apenas 13,2% das pessoas eleitas para os executivos municipais eram mulheres, mesmo após mudanças na legislação eleitoral para ampliar candidaturas femininas e negras. Entre as prefeitas eleitas, só 4,3% eram mulheres negras.

No Legislativo municipal, a participação cresceu levemente, indo de 0,31% da população em 2020 para 0,36% em 2024. No Judiciário, as mulheres ocupam 38,8% dos cargos, mas nenhum estado atingiu igualdade de gênero.