Desigualdade salarial: mulheres recebem 15,8% menos que homens, segundo IBGE

A diferença de remuneração caiu em relação a 2022, mas ainda revela barreiras no mercado de trabalho

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Enquanto a remuneração dos homens foi de R$3.993,26, a média feminina era de R$3.449,00. Foto: Envato

Mesmo com avanços recentes, a desigualdade salarial ainda está presente no Brasil. Segundo novo levantamento divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), na quinta-feira, 13, os homens receberam, em média, 15,8% a mais que as mulheres em 2023, com uma diferença de R$544,26 por mês. Isso significa que o salário delas representou apenas 86,4% do rendimento masculino.

Os dados fazem parte do levantamento Estatísticas do Cadastro Central de Empresa, que consolidou informações de mais de 10 milhões de empresas e instituições com CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). O número de trabalhadores ativos totalizava 66 milhões e mostrou avanços em relação a 2022, ano no qual a diferença salarial era de 17%.  

Enquanto a remuneração dos homens foi de R$3.993,26, a média feminina era de R$3.449,00. Embora as mulheres representassem 45,5% dos assalariados, elas ganhavam apenas 41,9% da massa salarial.

Homens dominam a indústria, mulheres se concentram em serviços e saúde

A divisão de gênero no mercado de trabalho também segue marcada por fronteiras simbólicas. Segundo o IBGE, quase um em cada cinco homens (19,4%) estava na indústria de transformação, seguido por setores como comércio e reparação de veículos (18,8%) e administração pública, defesa e seguridade social (13%).

Já entre as mulheres, o maior contingente (19,9%) se concentrava na administração pública, defesa e seguridade social, seguida pelo comércio e reparação de veículos (18,2%) e pela área de saúde e serviços sociais (11,1%).

O trabalho masculino ainda está associado a funções técnicas e industriais, enquanto o feminino segue atrelado ao cuidado e a serviços essenciais. Na construção civil, por exemplo, 87,4% dos assalariados eram homens, que representavam 83,1% dos trabalhadores em indústrias extrativas e 81,3% em transporte, armazenagem e correio. 

Já em saúde, três em cada quatro profissionais eram mulheres, seguida pela área de educação (67,7%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (57,5%) e alojamento e alimentação (57,2%).

Escolaridade e ensino superior é maior nas áreas de educação

O IBGE aponta que 76,4% dos assalariados não possuíam ensino superior. Entre os que tinham diploma, o salário médio era de R$7.489,16, quase três vezes o rendimento de quem não tinha formação (R$2.587,52).

A educação foi o setor com maior proporção de trabalhadores formados: 65,5% apresentavam ensino superior completo, com maioria feminina. Em seguida, vêm as atividades financeiras e de seguros (59,9%) e organismos internacionais (57,4%).

 Nos segmentos com menor escolaridade, 96,1% dos trabalhadores do setor de alojamento e 93,8% na agropecuária e alimentação não tinham concluído a universidade.