As desigualdades educacionais no Brasil afetam meninas e mulheres negras de modo mais profundo, segundo o novo relatório “Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2025”, divulgado nesta quarta-feira, 3, pelo IBGE.
A pesquisa mostra que frequência escolar e conclusão de etapas de ensino variam conforme gênero, raça e região, revelando que as mulheres, principalmente negras, enfrentam um percurso educacional mais longo, caro e desigual.
A taxa de frequência escolar líquida, que mede quantos estudantes estão na série adequada para sua idade, cresceu entre 2016 e 2024, porém, por mais que ambas tenham tido um avanço significativo, a desigualdade ainda se faz presente. No ensino médio, por exemplo, a taxa entre meninas brancas de 15 a 17 anos avançou de 80,1% para 84,6%. Entre meninas pretas ou pardas, subiu de 68,5% para 77,5%.
Entre os meninos, a diferença também se repete. A frequência dos jovens brancos de 15 a 17 anos passaram de 72,2% para 79,1%, já entre meninos pretos e pardos, a taxa foi de 57,6% para 70,1%. Ou seja, mesmo depois de oito anos de melhora, os adolescentes negros não alcançaram o nível em que adolescentes brancos já estavam em 2016.
Conclusão do ensino médio
No ensino superior, o cenário se repete. A frequência líquida entre mulheres brancas de 18 a 24 anos avançou de 36,1% para 42,2%. Entre mulheres pretas ou pardas, de 19,2% para 25,1%. Já entre homens brancos, o índice foi de 28,8% para 32,8%, enquanto jovens pretos ou pardos chegaram apenas a 16,9%.
A pesquisa mostra ainda que, embora as meninas sigam estudando mais, entre as de 20 e 22 anos, a taxa de conclusão do ensino médio foi de 79,8%, contra 69,8%, em 2016. Entre os homens, o salto foi de 58,3% para 70,6%.
Em 2024, os jovens de 18 a 29 anos pertencentes aos 25% com menores rendimentos tinham em média 10,6 anos de estudo e somente 55,0% haviam atingido os 12 anos. Enquanto isso, no grupo com os maiores rendimentos, a média foi de 13,5 anos de estudo, e a proporção que atingiu os 12 anos foi de 91,9%.
Quanto aos principais motivos para deixarem de estudar, os homens abandonam a escola para trabalhar, enquanto as mulheres, para cuidar de bebês, da casa ou da família.

Taxa de frequência escolar bruta de crianças de 0 a 5 anos, segundo Grandes Regiões – Brasil – 2016/2024. Crédito: IBGE, Pnad Contínua 2016/2024, Módulo anual de Educação.
A região também define quem estuda
As desigualdades também se fazem presentes quanto ao recorte territorial. Na região Norte, 41,2% das crianças de 0 a 5 anos estão fora da escola por falta de creches, ausência de vagas ou porque as instituições não aceitam matrículas pela idade, sendo a maior taxa no Brasil.
A Região Nordeste apresentou no relatório uma taxa de analfabetismo duas vezes maior do que a média nacional (5,3%), com 11,1% das pessoas de 15 anos ou mais de idade sem saber ler e escrever. Por sua vez, o Rio de Janeiro, Santa Catarina e Distrito Federal tiveram as menores taxas de analfabetismo em 2024, com 2,0%, 1,9% e 1,8%.