O empreendedorismo feminino vem se tornando uma realidade cada vez mais presente no país. No Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, instituído pela ONU em 2014 e celebrado nesta quarta-feira, 19, pesquisas apontam que as mulheres já representam a maioria dos empreendedores, ocupando 51% dos negócios ativos, segundo o estudo Rota do E-commerce, da Loggi com a Opinion Box.
Por trás dessa expansão, há uma motivação que se repete: a autonomia financeira, citada por 39% das empreendedoras. Outras enxergam no próprio negócio a realização de um sonho (27%) ou a identificação de uma oportunidade concreta de mercado (24%).
Segundo o Sebrae, o Brasil possui 10,4 milhões de mulheres empreendedoras. Esse é o maior número já registrado e representa um crescimento de 42% entre 2012 e 2024. Nesse cenário, dados da ABF (Associação Brasileira de Franchising) mostram que 32,2% das franquias são comandadas por mulheres no país atualmente, e elas já representam 57% das líderes dentro das próprias redes, principalmente no setor de comércio.
Menos inadimplência, mais cuidado na gestão
Um estudo da Serasa Experian também mostra que negócios liderados por mulheres apresentam 20% menos inadimplência do que aqueles comandados por homens, com uma gestão mais cautelosa e maior foco no planejamento a longo prazo.
Esse perfil também está ligado à forma como elas buscam capacitação, com redes sociais como Instagram, YouTube e podcasts sendo as principais fontes de atualização, por conta da maior acessibilidade, dinamismo e a opção de ajustar-se ao cotidiano.
Parte dessa busca deriva de um outro dado divulgado pelo Serasa, de que 73% das empreendedoras relatam que a divisão desigual do trabalho não remunerado dificulta a gestão e o desenvolvimento da empresa. Cursos e capacitações remotas, nesse cenário, facilitam a profissionalização.
Mulheres já lideram o uso de IA
Segundo estudo, as mulheres estão à frente também no uso de tecnologia. Elas são maioria no uso de ferramentas de inteligência artificial para comunicação e gestão em pequenos negócios.
Segundo o levantamento, 57% usam IA para escrever textos, 61% empregam assistentes virtuais no atendimento e também já utilizam recrutamento digital, automação e atendimento online como uma forma de competir em um mercado cada vez mais tecnológico.
O nível de escolaridade também vêm crescendo, 61% têm ensino superior ou pós-graduação, e quase metade está há mais de cinco anos na atividade.
Crédito ainda é barreira
Se por um lado as mulheres lideram a abertura e manutenção de negócios, por outro encontram portas fechadas quando o assunto é financiamento. Entre as empreendedoras, 68% já tiveram crédito negado.
O problema é ainda maior entre mulheres negras, que relatam dificuldade em comprovar renda, histórico financeiro e garantias. Para 35% das mulheres entrevistadas, a falta de financiamento foi apontada como o principal obstáculo para o crescimento dos negócios.