Bertha Jucá e Victória Linhares decidiram criar a LUCIA como uma extensão de seu próprio estilo de vida. A meta inicial era faturar 1 milhão em três anos, o que, após o lançamento e crescimento acelerado, pretendem alcançar em apenas um. A marca, lançada em agosto deste ano, tem como premissa produzir um drink feito com plantas adaptógenas capaz de reproduzir a mesma sensação provocada por um coquetel, mas sem nenhum teor alcoólico.
Durante anos, as vidas das duas amigas correram em paralelo. Antes mesmo de pensar em entrar no universo de bebidas, Victória começou a empreender aos 19 anos com um e-commerce que revendia diversas marcas, experiência que abriu as portas para o mercado de moda e a levou a passar oito anos no Etiqueta Única, site de revendas de luxo, assumindo a diretoria nos anos finais.
Ali amadureceu o olhar para consumo, branding e gestão, até migrar para o universo da influência, no qual atuava antes da criação da empresa. A vontade de empreender, porém, nunca a abandonou. “Eu sabia que em algum momento eu ia empreender de novo, bastava encontrar algo que fizesse sentido”, lembra.
Bertha, por sua vez, fez o caminho inverso. Formada em moda, só depois ela migrou para a nutrição, que conciliava com seu trabalho como influenciadora. E, diferentemente de Victória, nunca havia criado um negócio do zero. “A ideia inicial era criar um snack saudável, algo no universo da nutrição mesmo que é o que eu tinha mais contato, mas logo isso se transformou”, relembra.
A ideia que motivou a criação do drink
A história da LÚCIA começa muito antes da primeira garrafa chegar às mãos do público, com ambas as fundadoras compartilhando da mesma inquietação. Bertha, nutricionista e consultora de saúde integrativa, não bebia há oito anos devido ao atletismo e Victória, por outro lado, passava por uma experiência semelhante e sentia a falta de ter outras opções quando saía.
As duas se conheceram em uma consultoria de saúde e rapidamente viraram amigas e, depois, parceiras de negócios. Após experimentarem bebidas sem álcool no exterior, perceberam a ausência de drinks semelhantes no mercado nacional. “Vimos essa lacuna, precisávamos ter esse produto aqui”, lembra Victória.
E a demanda não era pequena. O Brasil é o terceiro maior consumidor da cerveja no mundo, ficando atrás apenas da China e Estados Unidos, segundo a consultoria Euromonitor International. Em um país que possui a bebida como um traço cultural, a pressão por beber ainda é grande. “Ouvi muito esse questionamento: ‘Você não vai beber?’, perguntam. Isso faz com que você sinta que não faz parte”, diz Bertha.
A pergunta que guiou o desenvolvimento do produto foi como provocar as mesmas sensações dos drinks, como o relaxamento, conexão e leveza, sem os efeitos colaterais da ressaca e os problemas de saúde causados pelo álcool. Assim, elas encontraram no universo das plantas adaptógenas, ervas e cogumelos conhecidos por auxiliar na normalização corporal e no combate ao estresse, a chave para a equação devido ao seu .
A proposta era criar o primeiro aperitivo não alcoólico do Brasil, que provocasse uma experiência sensorial real e utilizasse ingredientes naturais. Para isso, as fundadoras se focaram por cinco dias em um processo de sprint criativo até chegarem no produto final. “Foram cinco dias de mergulho de cabeça, provando, testando”, explica Victória.
Tudo foi desenvolvido artesanalmente, testado dezenas de vezes, até chegar na composição com jambu, cupuaçu, gengibre, botânicos e adaptógenos, como valeriana e ginseng, além de um amargor pensado para lembrar o gosto do álcool. “Parece que você está tomando um drink mesmo, às vezes as pessoas acham até que tem algo”, brinca Victória.
A primeira rodada de investimento veio da venture builder Zavii, empresa do marido de Victória, Renan Georges, com a captação de R$4 milhões. Ao lado das fundadoras, também estiveram presentes especialistas em marketing, logística, divulgação e gastronomia.
De um lote que duraria meses ao sold-out
Quando a marca foi lançada, em agosto de 2024, a expectativa era vender o primeiro lote até janeiro do ano seguinte. Durou apenas 20 dias. O segundo foi vendido entre 20 e 30 dias. O terceiro, maior que todos os anteriores, esgotou em 7 horas. “Foi uma loucura. Derrubaram o site”, lembram.
O boom transformou a rotina, os planos e a estrutura da empresa. “Estamos em um momento super intenso. É muito, muita coisa”, explica Victória. Mas também abriu uma clara sinalização de que havia uma demanda reprimida, e gigantesca, por uma bebida que possibilitasse uma experiência social ao mesmo tempo que promovesse o bem-estar.

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A viralização da marca
Um dos motivos para o crescimento acelerado da marca é a relação com o público. Victória e Bertha, ambas influenciadoras, estavam conscientes do potencial do projeto, mas foram pegas de surpresa com o resultado. “Dedicamos 100%, tudo de comunicação, branding, Instagram, nós mesmas cuidamos”, contam.
O engajamento veio de forma orgânica e o público, que é majoritariamente feminino, está crescendo também entre os homens. “Estamos nos surpreendendo, hoje o público é 70% feminino e 30% masculino”, dizem. “A Lúcia é muito verdadeira, é natural para a gente”, diz Bertha. Victória completa: “É muito comum as pessoas próximas falarem: ‘meu, vocês são a marca’”.
Depois de esgotar três lotes e construir uma comunidade, o próximo passo é crescer sem perder a essência. O plano inclui aumentar a presença nas grandes capitais, especialmente Rio e Belo Horizonte, e a entrada em pontos físicos de São Paulo já antes do Natal. “O próximo movimento é esse: expansão”, afirmam.
E vem aí novos sabores. “2026 com certeza traz novidades. A Lúcia é um portfólio de bebidas”, adiantam. O quarto lote irá chegar em janeiro e, se os primeiros meses servirem de termômetro, a demanda deve continuar ultrapassando qualquer projeção inicial.