Ecossistema digital impulsiona empreendedorismo feminino, aponta estudo global

Pesquisa internacional revela que ecossistema digital, acesso à educação e políticas inclusivas são determinantes para o sucesso de negócios liderados por mulheres

Ecossistema digital impulsiona empreendedorismo feminino, aponta estudo global

Criar o próprio negócio é um caminho de autonomia e geração de renda para muitas mulheres ao redor do mundo. Mas um estudo publicado na revista Nature Humanities and Social Sciences Communications revela que, sem um ecossistema digital estruturado, que inclui internet de qualidade, políticas públicas de incentivo e acesso à educação, as chances de as mulheres empreenderem de forma sustentável caem drasticamente.

A pesquisa analisou dados de 45 países, cruzando informações do Global Entrepreneurship Monitor e do Índice de Desenvolvimento da Economia Digital. Os autores identificaram que o ambiente de negócios liderado por mulheres depende de uma combinação de fatores, como:

  • Infraestrutura digital: acesso à internet, tecnologia e ferramentas de comunicação
  • Políticas públicas favoráveis: programas de incentivo, crédito, redes de apoio e combate à desigualdade
  • Capital humano: educação, capacitação técnica e formação em áreas estratégicas

Segundo o estudo, não existe um único caminho ou fórmula mágica para estimular o empreendedorismo feminino. Contudo, em países onde esses três elementos estão presentes, há mais mulheres criando e liderando negócios. Já onde falta ao menos um desses pilares, o número de empreendedoras é consideravelmente menor.

Os pesquisadores destacam ainda que o impacto não é apenas econômico, mas social. O acesso desigual a ferramentas digitais, por exemplo, não só limita o potencial de inovação das mulheres como também aprofunda as disparidades de gênero em outras áreas, como empregabilidade e renda.

Outro ponto importante é que as métricas tradicionais, que costumam avaliar apenas fatores isolados como PIB ou número de startups, não dão conta da complexidade envolvida no ecossistema empreendedor feminino. O estudo propõe uma análise integrada e sistêmica, que considere as interações entre tecnologia, políticas públicas e educação.

Para os especialistas, o fortalecimento de ambientes digitais inclusivos é um caminho direto para reduzir as barreiras enfrentadas por mulheres que desejam empreender. Isso passa tanto por investimentos em infraestrutura quanto por programas de capacitação e medidas que combatam desigualdades históricas.

O estudo reforça que ampliar o empreendedorismo feminino exige ação conjunta de governos, setor privado e sociedade civil. No Brasil, onde o acesso desigual à tecnologia e à educação ainda é um desafio, os resultados apontam para a urgência de políticas mais robustas que considerem as especificidades de gênero no desenvolvimento digital e econômico.