Empreendedora transforma vivência materna em lucrativo negócio de alimentos naturais

Paula Machado criou a Papapa após perceber a ausência de papinhas saudáveis no mercado brasileiro e hoje lidera um dos principais negócios do setor

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À frente da inovação da Papapá, Paula Machado aposta em alimentação infantil saudável Foto: Divulgação

A Austrália foi o ponto de partida para uma ideia que mudaria o rumo da carreira de Paula Machado. Mãe de primeira viagem, ela se surpreendeu ao encontrar prateleiras recheadas de papinhas orgânicas, sem conservantes e com rótulos legíveis nos mercados do país estrangeiro. A praticidade unida à qualidade era um alívio para a rotina com o bebê. De volta ao Brasil, a experiência virou frustração: o mesmo tipo de produto não era encontrado por aqui.

Foi esse contraste que a motivou a empreender. Ao lado do marido, Leonardo Afonso, Paula fundou a Papapá, marca que hoje domina o mercado nacional de alimentação infantil natural. A proposta era simples, mas ambiciosa: desenvolver papinhas e snacks prontos, saudáveis, sem aditivos, sem conservantes e com ingredientes que os pais pudessem reconhecer.

O negócio nasceu em meio à pandemia, o que tornou o início ainda mais desafiador. Pouco conhecida, a marca enfrentou dificuldades para conquistar espaço nas gôndolas e explicar seu diferencial em um mercado dominado por ultraprocessados, sem contar com o período de distanciamento social. “Na época, nem o mercado estava nos recebendo”, relembra. Mas o cenário mudou com a adesão de famílias que buscavam justamente o que a Papapá oferecia: conveniência aliada à nutrição.

Antes de lançar os primeiros produtos, a empresa em uma pesquisa com mães brasileiras, que durou cerca de dois anos. A escuta ativa influenciou desde a identidade visual, mais colorida, para facilitar a identificação de sabores, até o tipo de embalagem e os ingredientes usados. Com tudo aprovado pela Anvisa, os alimentos da Papapá começaram a chegar às farmácias, empórios e redes de supermercado.

Desde o lançamento em 2021, a Papapá vem apresentando crescimento expressivo. Em 2022, a marca faturou R$ 12 milhões e, no ano seguinte, registrou alta de 360%. A projeção para 2025 ultrapassa R$ 180 milhões, impulsionada por uma estratégia comercial que combina inovação de portfólio e expansão de distribuição. Atualmente, a Papapá detém 93% do mercado de papinhas e snacks naturais para bebês, com produtos disponíveis em 20 mil pontos de venda, número que deve saltar para 100 mil nos próximos anos. O canal físico responde por cerca de 70% das vendas da empresa.

O crescimento é impulsionado por uma operação robusta e um processo de criação de produtos que começa literalmente em casa. Paula, que tem três filhos, conta com as próprias crianças como testadores oficiais das novidades. “Eles experimentam tudo. Dizem o que gostam, o que não gostam, e isso influencia diretamente nas decisões”, diz. A empresa também trabalha com fornecedores especializados, como frutas vindas do Chile, biscoitos do Rio Grande do Sul, e mantém um sistema logístico com diferentes distribuidores para alcançar todo o território nacional.

Mais recentemente, a Papapá expandiu sua atuação para além da primeira infância, com o lançamento de uma linha voltada a crianças maiores. Também há planos de internacionalização, com os primeiros passos voltados para países vizinhos, como o Paraguai. Outra frente em desenvolvimento mira gestantes e mães, com a proposta de acompanhar o ciclo alimentar desde a barriga até os primeiros anos de vida da criança.

Maternidade e empreendedorismo

A experiência da maternidade não apenas inspirou a criação da marca como também molda o modo como Paula encara o empreendedorismo. Para ela, equilibrar filhos e trabalho exige organização e uma escolha consciente sobre onde investir tempo e energia. Apesar da rotina intensa, ela acredita que empreender é compatível com a maternidade, desde que se entenda que equilíbrio é mais importante do que perfeição. “Para estar bem no trabalho, a gente tem que estar bem em casa. E vice-versa.”

Com presença crescente no mercado e uma base fiel de consumidores, além de oferecer comida de verdade, a Papapá busca a conscientização das famílias sobre os riscos do excesso de ultraprocessados. “A nossa ideia nunca foi substituir a comida feita em casa, mas oferecer uma alternativa segura para quando a rotina aperta”, resume.