Empreendedoras negras ganham até 61% menos que homens brancos, apesar de mais estudo

Dados do Sebrae mostram que, mesmo com alta escolaridade, mulheres negras ainda enfrentam a desvalorização e recebem rendimentos menores no Brasil

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No Brasil, elas ganham 61% menos que homens brancos. Foto: Envato

No Brasil, 65,4% das empreendedoras negras têm ensino médio completo ou mais, praticamente o mesmo patamar dos homens brancos (65,2%). Ainda assim, a renda média delas permanece muito abaixo: R$ 1.986, um valor 27% menor que o de homens negros (R$2.715), 48% do de mulheres brancas (R$3.780) e 61% inferior ao dos homens brancos (R$5.066), segundo o estudo Empreendedorismo Negro no Brasil, do Sebrae. 

Para Fau Ferreira, gestora nacional de Afroempreendedorismo do Sebrae, essa diferença não nasce da falta de qualificação. Segundo ela, não é raro que produtos criados e vendidos por mulheres negras sejam desvalorizados no mercado. “Os clientes não querem pagar o valor do produto quando vendido diretamente pela empreendedora, enquanto o mesmo produto colocado em uma loja de grife pode ser vendido por inúmeras vezes o valor original e as pessoas costumam pagar”, explica. 

Perfil dos empreendedores

O levantamento do Sebrae mostra ainda que os empreendedores negros representam a parcela que mais cresce no país, com 16 milhões de donos de negócio, superando o número de brancos (cerca de 14 milhões). Segundo o estudo, eles se concentram no setor de serviços (41,7%), são majoritariamente chefes de domicílio (54,8%) e têm entre 30 e 49 anos (50,4%).  

Mas o salto na quantidade de empreendimentos, com um crescimento de 22,1% nos últimos dez anos, não acompanha o rendimento. A baixa formalização, apenas 24,7% têm CNPJ, e as barreiras históricas de acesso a crédito, tecnologia e canais de venda acabam por reforçar a desigualdade.