A quinta edição da pesquisa Mulheres na Liderança, realizada pela ONG Will (Women in Leadership in Latin America) em parceria com Valor, O Globo, Marie Claire e Época Negócios, aponta que as empresas brasileiras estão passando por um avanço estrutural na agenda de diversidade. Com informações de O Globo.
Em 2025, 36% das 173 companhias ouvidas já possuíam políticas específicas para mulheres acima dos 50 anos, um salto de 12 pp em relação à edição anterior, baseada em dados de 2022. O movimento reflete que as organizações reconhecem que é necessário aplicar políticas de inclusão para além de questões de gênero. Fatores como raça, idade e contexto socioeconômico passam a ser pautas também.
O estudo mostra um leve avanço na presença de mulheres em cargos de liderança: de 41% (2022) para 43% (2025). Embora tímido, o crescimento é considerado positivo por não apresentar retrocessos, como visto em outros países.
O dado mais expressivo aparece no recorte racial: a participação de mulheres negras (pretas e pardas) em posições de liderança deu um salto de 7% para 12% em três anos. Parte dessa evolução pode refletir a entrada de mais mulheres negras no ensino superior, número que quintuplicou desde 2000, segundo o IBGE.
Treinamentos obrigatórios e pesquisas de diversidade
Outro destaque da edição é a mudança na forma como as companhias encaram os preconceitos inconscientes. Pela primeira vez, treinamentos obrigatórios para a alta liderança se tornaram maioria: 43% das empresas os adotam, contra 34% no levantamento anterior, ultrapassando os programas facultativos, que caíram para 36%.
A edição 2025 também mostra que as companhias passam a mensurar com mais precisão os efeitos das políticas de diversidade. Entre os avanços estão a implementação de pesquisas internas para identificar barreiras, que saltaram de 15% para 75%; censos de gênero e diversidade, que passaram de 59% para 91% e métricas para equiparação salarial, que avançaram de 60% para 72%.
Entre os destaques do relatório deste ano, a Nestlé liderou a pesquisa, enquanto, por setor, se encontram empresas como Bradesco (bancos), Lojas Renner (varejo), Natura (cosméticos), Bayer (química e petroquímica) e Sodexo (serviços especializados).
Nos eixos temáticos, destacaram-se Natura (estratégia e cultura), EY (recrutamento, retenção e liderança feminina), Sodexo (equilíbrio entre vida pessoal e trabalho e interseccionalidade) e Nestlé (atuação externa). O estudo também trouxe dois reconhecimentos adicionais: Copastur, pela promoção de mulheres pretas e pardas, e Medtronic, pela presença feminina no conselho de administração.
Baseada em oito eixos temáticos, a edição 2025 de “Mulheres na Liderança” coletou dados entre janeiro e abril deste ano. Foram analisadas 173 empresas de médio e grande porte, com receita operacional líquida a partir de R$300 milhões alcançada durante 2023 em operações no Brasil.