Estudo mostra que apenas 15% das mulheres negras têm diploma universitário

Relatório revela que, apesar dos avanços, a desigualdade racial aumentou na última década, e especialistas defendem a implementação de políticas de permanência

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27,6% das mulheres brancas possuem diploma universitário, contra apenas 12,9% das negras. Foto: Envato

A desigualdade educacional no Brasil persiste em todas as etapas de ensino, e aprofunda-se com o aumento da graduação. De acordo com um novo estudo publicado pelo Cedra (Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais), na terça-feira, 25, apenas 14,9% das mulheres negras acima de 25 anos concluíram o ensino superior, enquanto entre mulheres brancas o índice chega a 30,3%.

O levantamento, baseado em dados da Pnad Contínua (IBGE), mostra que a distância entre os dois grupos aumentou ao longo dos anos. Por mais que a escolaridade tenha dobrado, em 2012 7,9% das mulheres negras eram graduadas, a discrepância passou de 11,9 p.p. para 15,4 p.p. em 2023. 

A desigualdade atinge os homens de forma similar. Em 2023, apenas 11,2% dos homens negros haviam concluído o ensino superior, enquanto entre os brancos o índice é de 25,9%. A diferença também cresceu de 12,1 p.p. em 2012 para 14,7 p.p.

Crescimento da desigualdade 

O relatório mostra que, mesmo quando há avanços, eles não alcançam o sistema educacional de modo profundo. Em 2023, 21,3% dos homens negros de 15 a 19 anos não haviam concluído o ensino fundamental, número quase dez pontos acima dos jovens brancos. Entre as mulheres negras, o percentual é de 31,6%.

Quanto a evasão do ensino médio, o percentual de jovens de 20 a 24 anos negros e brancos permaneceu praticamente inalterado. Enquanto a taxa de negros se manteve em 13,0% em ambos os anos, a de brancos variou de 8,8% para 7,6%, aumentando a desigualdade.

Embora o analfabetismo tenha caído, 6,6% das mulheres negras acima de 15 anos ainda não sabem ler ou escrever e a taxa permanece o dobro da registrada entre mulheres brancas (3,3%).

A diferença é ainda maior quando se analisa o recorte de gênero. Em 2012, os jovens negros de 15 a 29 anos tinham uma taxa de analfabetismo de 2,4% contra 1,1% entre os brancos. Em 2023, a taxa caiu drasticamente para 0,9% e 0,6%, respectivamente. Entre idosos, o contraste é ainda maior: 22,1% das pessoas negras com mais de 60 anos são analfabetas, contra 8,7% das brancas.

Em ambos os recortes raciais, as mulheres possuem maior escolaridade que os homens. Ainda assim, a desigualdade racial permanece grande. Em faixas etárias mais altas, entre pessoas de 40 a 49 anos, 27,6% das mulheres brancas possuem diploma universitário, contra apenas 12,9% das negras. Entre os homens, 8,8% dos homens negros se formaram entre 2012 e 2023 contra 22,4% dos brancos.