Pesquisas alertaram para a evasão feminina da liderança corporativa, apontando o cansaço, a desigualdade e a rigidez das estruturas tradicionais como causas. Mas um novo estudo global desmonta essa narrativa. O relatório “Beyond the Ladder: Women Leaders Redefine Ambition”, produzido pela Chief em parceria com a The Harris Poll, indica que as mulheres não estão se afastando do poder, mas redefinindo o que significa alcançá-lo.
De acordo com o levantamento, feito com mais de mil executivas sêniores, fundadoras e empreendedoras, 86% afirmam estar mais ambiciosas hoje do que há cinco anos e 92% dizem sentir-se motivadas com o futuro de suas carreiras. O estudo mostra uma mudança de mentalidade: a ambição deixou de ser medida por títulos e salários e passou a ser guiada por propósito, autonomia, flexibilidade e impacto.
Mudança de valores
Ao serem questionadas sobre o significado de ambição, apenas 12% relacionam a um determinado cargo, enquanto 15% destacam flexibilidade, 14% citam autonomia e 12% falam em legado e impacto. Entre os maiores percentuais citados, estão sucesso financeiro (19%) e poder de decisão (17%).
Essa redefinição também se reflete na prática. Quase todas as líderes ouvidas (96%) realizaram mudanças significativas na carreira nos últimos três anos, como abrir o próprio negócio (24%), integrar conselhos (23%), migrar de área (36%) ou pausar temporariamente suas atividades (13%). Para 71% delas, essas decisões foram tomadas por escolha própria, não por necessidade.
Entre as principais motivações para a mudança estão encontrar novos desafios criativos (50%), gerar um impacto mais significativo (47%), melhor alinhamento com os valores (45%), mais autonomia e poder de decisão (44%) e maiores oportunidades de crescimento financeiro (39%).
Diferentes possibilidades de carreira
Outro dado que confirma essa transformação é a multiplicidade de papéis exercidos por essas mulheres. Em média, as líderes sênior acumulam três identidades profissionais, sendo cargos executivos e corporativos, empreendedorismo e conselheira as mais comuns.
Segundo o relatório, 83% acreditam que o modelo tradicional de sucesso profissional está ultrapassado, e 92% dizem sentir-se mais confiantes para seguir trajetórias não convencionais.
Redes como uma nova estrutura de poder
O estudo também evidencia a importância das conexões femininas. Para 94% das entrevistadas, estar próxima de outras mulheres ambiciosas fortalece sua própria motivação.
Dois terços das entrevistadas disseram que a resolução de problemas acelera quando conversam com outras mulheres líderes. Além disso, 42% observam melhorias nos resultados em geral, 21% relatam o dobro do nível de melhoria e 3% uma melhoria de três vezes na resolução de problemas.