Mais de três quartos dos lares em insegurança alimentar grave no Brasil são chefiados por mulheres, revela estudo recente publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva. Segundo a pesquisa, 77,7% dos domicílios nessa condição têm liderança feminina, um cenário agravado quando há crianças pequenas e baixa escolaridade.
Os dados analisam a realidade de domicílios brasileiros cadastrados no CadÚnico e beneficiários do Programa Bolsa Família (PBF). Segundo o estudo, a maioria dessas famílias é chefiada por mulheres, muitas delas sem cônjuge, com filhos e fora do mercado de trabalho formal. Nessa configuração, a renda per capita costuma ser mais baixa, e o acesso a alimentos em quantidade e qualidade adequadas, mais limitado.
O recorte de gênero também expõe desigualdades estruturais: mesmo com maior responsabilidade pelo sustento e cuidado do lar, essas mulheres frequentemente enfrentam mais dificuldades de inserção no mercado de trabalho, têm menor escolaridade média e enfrentam obstáculos como sobrecarga doméstica e falta de apoio institucional.
A pesquisa indica que a insegurança alimentar grave, quando há ruptura no padrão alimentar e fome, atinge de forma desproporcional as famílias lideradas por mulheres, em especial quando há presença de crianças de até cinco anos. O estudo também ressalta a importância de políticas públicas específicas voltadas à proteção de famílias sob liderança feminina. Para os pesquisadores, garantir o direito à alimentação adequada nessas situações exige abordagens intersetoriais, que considerem gênero, raça, renda e ciclo de vida. Confira o estudo completo aqui.