Grupo Mulheres do Brasil promove igualdade racial no empreendedorismo feminino

Criado por Luiza Trajano há 12 anos, iniciativa já reúne 120 mil mulheres e, em setembro, promoverá um evento de aceleração de carreiras para mulheres negras

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Fundado em 2013 por Luiza Trajano com a participação de empresárias como Sonia Hess e Chieko Aoki, o Grupo Mulheres do Brasil atua como um dos maiores movimentos de impacto social liderados por mulheres no Brasil e reúne hoje 120 mil participantes espalhadas pelo país e pelo exterior. Entre as iniciativas promovidas está a Aceleradora de Carreiras, criada pelo Comitê de Igualdade Racial, liderado por Eliane Leite e Elizabete Scheibmayr, que terá a 16° edição entre os dias 26 e 28 de setembro. 

O programa nasceu da percepção de que, ao falar de protagonismo feminino, também é importante voltar o olhar para a pluralidade e para o fato de que cada mulher enfrenta barreiras distintas para acessar e crescer no ambiente de trabalho, de acordo com sua realidade. 

“Porque a gente tá falando de mulher, mas a gente sempre tem que deixar claro de que mulher que eu tô falando. Nós somos diversas, temos mulheres negras, indígenas, com deficiência. Então, não podemos falar de um grupo de mulheres do Brasil, precisamos entender que é preciso trazer todas as mulheres para esse debate”, explica Eliane. 

A iniciativa foi desenhada como uma imersão de três dias, seguida de seis meses de mentoria com executivos e CEOs de diversas companhias. O foco é em mulheres que já atuam como analistas sênior ou coordenadoras e desejam dar o próximo passo em suas carreiras. Desde então, já passaram pelo programa mais de 2.000 mulheres, muitas das quais hoje ocupam cargos de direção, gerência e coordenação em grandes empresas. 

Os debates abordam ancestralidade, comunicação assertiva, networking, autoconhecimento, inteligência emocional e formas de liderança para o futuro, preparando as participantes para enfrentar microagressões e barreiras que o racismo ainda impõem no ambiente corporativo. “Fazemos questão de trazer as pessoas para estar junto, primeiro para elas verem como têm pessoas negras nesses lugares que possam ocupar cargos de direção. Como mulheres negras, ficamos muitas vezes: ‘Ai, eu não conheço, nunca vi. Não [tem] mulher negra que é atuária, não tem mulher negra economista”, diz.

O programa conta com o apoio de empresas patrocinadoras e a dedicação voluntária de executivos para compartilharem suas histórias, permitindo que as participantes paguem apenas um valor simbólico. A iniciativa acontece anualmente, com edições presenciais em São Paulo e transmissões online, que permitem a participação de mulheres de outros estados e até do exterior, como EUA, Suíça e Portugal.

O impacto do programa vai além do ambiente corporativo. Muitas participantes tornam-se mentoras e retornam para apoiar novas integrantes, ampliando o alcance do movimento. Para documentar essas histórias, o grupo lançou o livro “Quebrando os Limites” no final do ano passado, que reúne relatos de mulheres sobre a transformação proporcionada pelo programa. O segundo volume será lançado em novembro e seguirá o mesmo formato, destacando trajetórias de vida e suas conquistas profissionais.

“Precisamos de vozes que sejam diferentes. Que sejam vozes que não [estão] no nosso cotidiano ouvindo mas que contem, que celebrem as nossas conquistas. É fazer um movimento que agregue mais mulheres. E precisamos mudar um pouco esse viés, que muitas vezes foi nos colocado, que mulher não ajuda mulher”.