O ambiente de trabalho contemporâneo não se resume apenas às habilidades técnicas e conhecimentos acadêmicos. Cada vez mais as organizações percebem a importância da inteligência emocional para o sucesso profissional e o bom funcionamento das equipes.
Conceito popularizado pelo psicólogo americano Daniel Goleman, a Inteligência Emocional refere-se à capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar as emoções próprias e dos outros. Vamos destacar aqui sua relevância no contexto corporativo, e como pode impactar positivamente a produtividade, o trabalho em equipe e a satisfação no trabalho.
Reconhecimento e Compreensão Emocional
A primeira habilidade da inteligência emocional é o reconhecimento e compreensão das próprias emoções. No ambiente de trabalho, isso significa estar ciente de como as emoções influenciam o desempenho e as interações. Profissionais com alta inteligência emocional conseguem identificar seus sentimentos e lidar com eles de maneira construtiva, evitando reações impulsivas que possam prejudicar as relações interpessoais.
Para tanto é necessário um alto grau de autoconhecimento: saber quais são os “gatilhos” que te fazem perder a razão é fundamental para evitar conflitos e reações desproporcionais no dia a dia.
Além disso, a capacidade de compreender as emoções dos outros é fundamental para estabelecer relações saudáveis e produtivas no ambiente corporativo. Conhecer perfis comportamentais, por exemplo, ajuda e muito a manter relações mais saudáveis, entendendo que nem todos agem ou pensam como você. A empatia, uma das componentes da inteligência emocional, permite que os colaboradores compreendam as perspectivas e necessidades dos colegas, promovendo a colaboração e a resolução eficaz de conflitos.
Certa vez, em uma conversa no trabalho, uma pessoa teve uma reação totalmente desproporcional à situação daquele momento. Percebi que havia algo errado e decidi perguntar a ela: Você está bem? Tem algo acontecendo com você?
A pessoa simplesmente caiu aos prantos, estava passando por um problema particular que a fez ter reações totalmente impróprias, em uma discussão técnica simples. Em momento como esses, percebemos a falta de inteligência emocional de um lado – mas se o outro lado também estiver passando por um momento de estresse, e falta de inteligência emocional, o conflito pode se instalar rapidamente.
Observe suas emoções e também a dos outros com mais empatia, todos nós estamos enfrentando desafios… Além disso, conhecendo suas emoções, você vai saber o momento mais oportuno para contemporizar – e se for o caso propor: Vamos conversar sobre isso amanhã? Muitas vezes um intervalo entre a ação e a reação é o suficiente para racionalizar e termos uma melhor resposta.
Situações em que as pessoas se exaltam são típicas de descontrole e falta de inteligência emocional. Costumo dizer que numa briga o mais correto é quem evita, pois no momento da discussão as pessoas não estão abertas para ouvir e sim para falar e expressar sua fúria. As coisas são realmente resolvidas na conversa cordial.
Gerenciamento Emocional
Outra dimensão crucial deste conceito é o gerenciamento emocional, que envolve a capacidade de regular as próprias emoções, controlar impulsos e lidar eficientemente com situações estressantes. Profissionais com alto grau de inteligência emocional conseguem manter a calma sob pressão, tomar decisões ponderadas e resolver problemas de forma eficaz, contribuindo para um ambiente de trabalho mais estável e produtivo.
No âmbito da liderança, gestores que possuem inteligência emocional são capazes de inspirar e motivar suas equipes, promovendo um ambiente positivo e estimulante. Eles compreendem a importância do feedback construtivo, reconhecimento e estabelecimento de metas realistas para o desenvolvimento profissional dos colaboradores.
Organizações que promovem a inteligência emocional entre seus colaboradores colhem diversos benefícios. Aumento da satisfação no trabalho, redução do estresse e uma cultura organizacional mais saudável são alguns dos resultados observados. Além disso, equipes com alta inteligência emocional tendem a ser mais eficientes na resolução de problemas, na comunicação e na promoção da inovação.
A inteligência emocional também desempenha um papel crucial na gestão da diversidade e inclusão. Profissionais que compreendem e respeitam as diferentes perspectivas e experiências de seus colegas contribuem para um ambiente mais inclusivo e equitativo.
Uma leitura que recomendo para aprimorar sua inteligência emocional é o livro “Os quatro compromissos”, de Don Miguel Ruiz. Este livro traz reflexões poderosas que nos ajudam a desenvolver esse pensamento mais racional. Dois dos compromissos descritos por ele são: Não leve nada para o lado pessoal e não presuma coisa alguma.
Esses poderosos compromissos nos ajudam a entender que, na maioria das vezes, as pessoas estão externalizando suas emoções a partir do que estão sentindo por diversas questões – e que não é pessoal com você. Se você se abala com algum estímulo externo significa que há algo que precisa ser trabalhado dentro de você.
Profissionais com inteligência emocional desenvolvida tem reações coerentes com a situação e normalmente não se envolvem em conflitos – isso não quer dizer que não se posicionem, mas sabem fazê-lo no momento oportuno. São pessoas que sabem a hora de falar e de calar, por isso também são consideradas sábios. E normalmente, quando falam, têm mais credibilidade que os que não possuem esse skill desenvolvido.
Em um mundo empresarial cada vez mais dinâmico e interconectado, a inteligência emocional emerge como um fator determinante para o sucesso profissional. Além das habilidades técnicas e conhecimentos específicos da área, a capacidade de entender e gerenciar as emoções se torna um diferencial significativo. Investir no desenvolvimento da inteligência emocional no ambiente de trabalho não apenas beneficia os indivíduos, mas também fortalece as organizações, promovendo um ambiente mais saudável, produtivo e colaborativo.
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