Com mais de 30 livros publicados e pelo menos 1 milhão de exemplares vendidos, a deusa da crônica brasileira escreveu romances que foram adaptados para o cinema, teatro e TV, e também é poeta, das boas, das mais delicadas. Suavidade e inteligência a gente encontra em tudo que Martha Medeiros escreve. Vontade de fazer conexões verdadeiras. “Gosto de criar vínculos com o leitor”, como afirmou em sua mais recente entrevista para a IstoÉ Mulher, na Feira Literária de Tiradentes, há alguns dias.

A maturidade acaba te esculpindo. Hoje me sinto muito mais segura para dizer o que eu penso, ter a minha própria forma de comunicação, sem querer imitar ninguém, apenas falando do meu próprio jeito mesmo, imprimindo o meu DNA.

Ao entrar nos 60 anos, Martha confessa que levou um certo susto – como se alguém lhe dissesse: aproveita esse pequeno choque para pensar um pouco mais no futuro. Fez 40 anos bailando, como lembra agora, aos 50 de mochila nas costas, e aos 60 adquiriu o que talvez seja a consciência indiscutível de que a finitude não é mais abstrata.

Acho que é importante estar sempre em busca de uma vida mais interessante. E ter uma vida interessante é enfrentar os altos e baixos, não ficar paralisada por isso. Ter uma vida interessante é ter curiosidade, espírito aberto, para que tu recebas pessoas diferentes em sua vida, esteja preparado para o que não foi planejado. A vida dá um milhão de rasteiras em todos nós, todos os dias, e se não tivermos flexibilidade vai ser sempre uma angústia… e assim perderemos a dimensão do que é interessante na vida.

Martha Medeiros encerrou a noite de sexta-feira na Feira Literária de Tiradentes para uma arena lotada, onde centenas de pessoas ouviram-na falar sobre o seu novo livro, “Conversa na Sala”. O título reúne crônicas que escreveu ao longo dos últimos cinco anos, com textos centrados não apenas nos relacionamentos humanos mas também agrupando outras reflexões que fez durante a pandemia:

Foram anos difíceis para todos nós, e eu, que nunca tocava nesses assuntos, me senti na obrigação de sair da minha zona de conforto e falar um pouco sobre aquele momento angustiante que vivemos, com eleições e opiniões muito polarizadas.

Para uma menina que queria ser adulta, que considerava a vida adulta como um sonho de liberdade – a mulher de hoje segue em frente com grande vontade de viver: “nasci com 100% de sensatez, e agora venho depurando isso para chegar nesse momento talvez com um mínimo de sensatez…”

Você vai poder ver e ouvir os melhores momentos desta entrevista no link que está no final dessa matéria.

Acho que a gente vai crescendo, avançando na vida, e tirando tudo que não importa. A vida da gente é uma obra de arte. Vai depurando até que chegue no essencial – pode sobrar muito pouco, que seja uma pepita de ouro, mas será o mais sólido de nós.