O comércio com a China cresceu nas últimas décadas, tornando-se o principal parceiro comercial do Brasil, e abriu espaço para maior presença feminina no mercado de trabalho. Segundo relatório do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) em parceria com o MDIC, lançado na quarta-feira (10) com dados de 2022, nesse ano, as mulheres representavam apenas 29% dos empregados em empresas exportadoras para a China e 34,4% nas importadoras.
Em comparação com 2008, houve avanços: eram 23,9% nas exportadoras e 29,9% nas importadoras. Ainda assim, os setores que lideram as exportações brasileiras — agronegócio e mineração — permanecem dominados por homens. Hoje, só 17% da força de trabalho na mineração, 16,2% no agronegócio e 15% na indústria de óleo e gás é feminina.
Exportações x importações
Em 2022, apenas 16,5% das empresas exportadoras tinham quadro majoritário feminino. O número de trabalhadoras quase dobrou desde 2008, passando de 309 mil para 608 mil (+96,7%), mas ainda é a menor porcentagem entre os principais parceiros comerciais do Brasil. Na estrutura societária, a desigualdade é ainda maior: apenas 15,4% das exportadoras têm mulheres entre os sócios.
Já nas importações, o cenário é mais favorável. Mais ligadas a comércio, varejo, logística e serviços, as empresas importadoras da China somavam 1,9 milhão de mulheres em 2022, quase o dobro de 2008 (+78,4%), representando 29% dos funcionários. Além disso, 27,3% dessas companhias possuem maioria feminina no quadro de pessoal e 21,2% têm sócias mulheres — o índice mais alto entre os parceiros analisados.
Remuneração
Na remuneração, as empresas que comercializam com a China ocupam a terceira posição entre os principais parceiros. Em 2022, as mulheres em exportadoras recebiam R$ 3.854,31, equivalente a 72% do salário masculino, após um crescimento de 144,8% desde 2008. Nas importadoras, a média foi de R$ 3.522,75 (71,8% do salário dos homens), com alta de 140,1% no período.
Apesar dos avanços, o crescimento foi tímido em comparação ao internacional. A União Europeia registrou o maior aumento nos salários femininos em exportações (+191,3%), seguida por Estados Unidos (+180,7%), Mercosul (+153,4%) e América do Sul (+151,1%). Nas importações, os Estados Unidos lideraram (+150,9%), o Mercosul ficou em segundo (+147,5%) e a China em terceiro.
Comparação com outros países
No conjunto das exportações brasileiras, a China segue com a menor participação feminina: 608 mil trabalhadoras, atrás de Mercosul (1,2 milhão), União Europeia (1,1 milhão), Estados Unidos (1 milhão) e América do Sul (1 milhão). Por outro lado, registrou o maior crescimento percentual na participação feminina (+96,7%), superando EUA (+76,1%), Mercosul (+50,6%), União Europeia (+47,3%) e América do Sul (+40,8%).
Nas importações, o cenário de inverte, a China lidera em números absolutos com 1,9 milhão de mulheres empregadas — à frente da União Europeia (1,8 milhão), Estados Unidos (1,4 milhão), Mercosul (1 milhão) e América do Sul (760 mil).
Quanto à presença feminina na sociedade das empresas, os Estados Unidos lideram nas exportações (20,3%), enquanto a China aparece na última posição (15,4%). Já nas importações, a China desponta com a maior proporção de sócias mulheres (21,2%), acima da média dos demais parceiros, todos em torno de 17%.
Entre os países, a China registrou o menor avanço na equiparação salarial entre mulheres e homens nas exportações, com alta de apenas 8,8 pontos percentuais entre 2008 e 2022. Os Estados Unidos lideraram esse processo com 12,4 pontos de aumento, elevando a remuneração feminina para 79,5% do salário masculino, seguidos pela União Europeia (11,7 pontos, 76,6%), Mercosul (11 pontos, 74%) e América do Sul (10 pontos, 73,8%).
No campo das importações, o maior progresso foi observado pela China (8,6 pontos, 71,8%), seguido pelo Mercosul (7,7 pontos, 69,8%), Estados Unidos (7,1 pontos, 75,1%) e América do Sul (6,3 pontos, 69,6%), enquanto a União Europeia registrou o avanço mais tímido, de 5,1 pontos percentuais, chegando a 73% do salário masculino.