Apesar do avanço dos debates sobre diversidade nas empresas, a presença feminina em cargos mais altos da hierarquia ainda é limitada, e, quando acontece, costuma durar menos. É o que mostra o “Índice Global de Rotatividade de CEOs”, estudo da consultoria Russell Reynolds divulgado em julho de 2025, que analisou 1.142 trocas de liderança em empresas de capital aberto em 25 países, incluindo o Brasil, nos últimos sete anos.
A pesquisa revela uma diferença significativa na duração dos mandatos: enquanto os homens permanecem, em média, 7,9 anos como CEO, as mulheres ocupam o cargo por 5,2 anos. Além do tempo reduzido no topo, elas enfrentam um risco 33% maior de demissão ou renúncia, independentemente do desempenho da empresa.
No período analisado, 32% das mulheres deixaram o cargo por decisão própria ou do conselho, contra 24% dos homens. E mesmo a conquista da posição ainda é exceção: apenas 9% das nomeações para CEO e 11% para presidência no primeiro semestre de 2025 foram de mulheres.
As causas para o fim dos mandatos também variam conforme o gênero. Entre os homens, a principal razão de saída do cargo é a aposentadoria (31%), indicando uma trajetória mais estável e, muitas vezes, encerrada por escolha pessoal. Para as mulheres, no entanto, a demissão lidera os desligamentos (32%), seguida por planos de sucessão (16%) e motivos pessoais (13%). A aposentadoria responde por apenas 13% dos casos femininos.
Esse dado reforça um cenário de pressão e instabilidade mais acentuadas para mulheres na liderança. Os motivos pessoais, frequentemente relacionados ao cuidado com a família e à maternidade, aparecem com o dobro de frequência entre mulheres do que entre homens, um sinal claro de como as responsabilidades sociais ainda impactam sua trajetória profissional.
O estudo também aponta para barreiras estruturais no acesso ao cargo. Cerca de 76% dos CEOs são promovidos internamente, a partir de posições como CFO (diretor financeiro) ou COO (de operações), funções que continuam menos acessíveis às mulheres. Isso cria um funil de sucessão que reduz drasticamente as chances de lideranças femininas se consolidarem no mercado.
Mesmo com um leve avanço nos últimos anos, os números mostram que a rotatividade continua mais alta entre elas. Entre 2018 e 2024, quase um terço das CEOs mulheres deixaram o cargo em até três anos, comparado a 24% entre os homens.