Mulheres demonstram maior alerta e preocupação com a crise climática

Novo estudo aponta que as brasileiras têm maior consciência sobre os impactos ambientais e se mostram mais dispostas a mudar hábitos diante da emergência climática

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Segundo o levantamento, 61% das mulheres acreditam que o planeta enfrentará consequências graves caso não sejam implementadas ações imediatas Foto: Envato

No momento em que o debate ambiental ganha força no Brasil, impulsionado pela COP30, um novo levantamento mostra que as mulheres percebem com mais clareza a urgência e os efeitos das mudanças climáticas. A pesquisa, divulgada pela Descarbonize Soluções, empresa especializada em energia limpa, aponta que  as mulheres estão mais dispostas a rever padrões de consumo, priorizando escolhas com menor impacto ambiental. 

Dentre os entrevistados, 52% das mulheres afirmam ter planos concretos para adotar hábitos mais sustentáveis no próximo ano. Entre os homens, esse percentual cai para 43%. Para os pesquisadores, essa diferença está ligada ao papel social historicamente atribuído à elas, que ainda são as principais responsáveis pelas decisões ligadas à rotina doméstica e familiar.

Além disso, constatou-se também uma maior preocupação com os efeitos da crise climática. Segundo o levantamento, 61% das mulheres acreditam que o planeta enfrentará consequências graves caso não sejam implementadas ações imediatas, dez pontos percentuais acima do índice registrado entre os homens.

O pessimismo também está mais acentuado entre elas. Para 59% das mulheres entrevistadas, os recursos disponíveis hoje são insuficientes para amenizar os impactos das catástrofes ambientais. Entre os homens, essa porcentagem é de 42%.

Crise climática e desigualdade de gênero caminham juntas

Essa percepção não é casual. Segundo o relatório Gender Snapshot 2024, a crise climática afeta as mulheres e meninas de forma desproporcional e, até 2050, cerca de 158 milhões delas podem ser empurradas para a pobreza. O número, 16 milhões a mais do que o total de homens e meninos, também deve ampliar cenários de insegurança alimentar, especialmente em regiões mais vulneráveis.

Ainda de acordo com o estudo, em muitas comunidades, as mulheres são as principais responsáveis por garantir água, alimento e energia para suas famílias. A escassez desses recursos provocada por secas e enchentes, por exemplo, aumenta o esforço diário, assim como os impactos sobre a saúde, renda e a permanência de meninas na escola.

Violência e vulnerabilidade ampliada

A crise climática também está associada ao aumento da violência de gênero. Um relatório publicado pela UN Spotlight, em 2025, aponta que as ondas de calor, crises econômicas e deslocamentos forçados tendem a intensificar tensões sociais, elevando os índices de violência doméstica e feminicídio. Um estudo citado no documento encontrou um aumento de 28% nos feminicídios durante ondas de calor, além de afetar a saúde de gestantes e de recém-nascidos.

O relatório também cita que, em momentos de desastres naturais, as mulheres geralmente enfrentam mais obstáculos para acessar informação, se deslocar e conseguir recursos básicos, o que diminui suas chances de proteção e torna seu restabelecimento após episódios de violência ainda mais difíceis.