Mulheres do agro ampliam influência, mas ainda enfrentam barreiras na liderança

Pesquisa inédita da Quiddity e Bayer revela avanços na atuação feminina no campo, mas mostra que o reconhecimento e o acesso a cargos de comando seguem limitados

Envato
Mulheres se destacam pela busca por capacitação e sustentabilidade, prioridade para 76% das entrevistadas Foto: Envato

A presença feminina no agronegócio brasileiro é cada vez mais visível e necessária. Elas estão no comando de propriedades, lideram inovações em sustentabilidade e se destacam pela capacidade de gestão. Ainda assim, enfrentam desafios para chegarem a cargos de liderança. É o que mostra a pesquisa “Produtoras rurais e a inovação no campo”, realizada pela consultoria Quiddity em parceria com a Bayer, apresentada nesta terça-feira, 21, em evento realizado em São Paulo.

O estudo ouviu 90 produtores e produtoras rurais de diferentes regiões, além das vencedoras do Prêmio Mulheres do Agro. O levantamento indica que 93% dos entrevistados reconhecem a influência feminina no setor, mas quase 40% ainda não as vêem como líderes, mesmo quando estão à frente de propriedades e decisões estratégicas.

A pesquisa também mostra que as mulheres se destacam no agro pela busca constante por capacitação e por sustentabilidade, sendo apontada por 76% das entrevistadas como prioridade máxima em cursos e palestras. Entre as práticas mais adotadas em suas propriedades estão a rotação de culturas (89%), a preservação de áreas nativas (87%), o plantio direto (82%), uso de bioinsumos (80%) e práticas de cultura regenerativa (80%).

Mas, mesmo com o avanço de sua presença, os números expõem a desigualdade de gênero no setor. Segundo o levantamento, 94% dos entrevistados percebem mais homens nas funções de campo, como plantio e colheita, enquanto 60% associam a presença feminina às áreas de marketing e 53% às funções administrativas e de suporte. Apenas 6% reconhecem mais mulheres em posições de tomada de decisão e 3% em atividades de gestão.

Quando as 45 entrevistadas mulheres foram perguntadas sobre “O que você acha que pode ajudar a aumentar a participação das mulheres no agronegócio?”, as respostas com maior adesão foram “Dar visibilidade para o trabalho feminino no agro” (78%) e “Chamar mais mulheres para liderar grupos e associações” (69%).

Entre as iniciativas de valorização feminina no setor, o Prêmio Mulheres do Agro, promovido pela Bayer em parceria com a Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), se destaca como uma das principais ações de incentivo. As vencedoras desta edição serão anunciadas nesta quarta-feira (22), durante o Congresso Nacional das Mulheres do Agro, em São Paulo.