A presença de mulheres e artistas de gênero diverso na indústria da música tem crescido nos últimos anos, mas a igualdade ainda está longe de ser uma realidade. É o que mostra o novo relatório da Chartmetric, empresa global de análise de dados musicais, que mapeou mais de 1 milhão de artistas em 230 países. O estudo, chamado Make Music Equal (tornar a música igualitária, em tradução livre) revela avanços importantes em visibilidade, especialmente nas paradas de sucesso e em festivais, mas também evidencia disparidades persistentes em setores como games e trilhas sonoras.
Segundo o levantamento, entre os artistas solo analisados, 79% se identificam com pronomes masculinos, 18% com pronomes femininos e 3% com pronomes neutros ou não-binários. Embora os homens ainda sejam maioria em volume absoluto, o número de mulheres nas listas de artistas mais populares tem crescido. Em 2020, elas representavam 26% do top 100 global. Em 2025, já são 33%, um aumento de sete pontos percentuais.
Nos festivais, o crescimento também é visível: a presença de artistas mulheres solo nos line-ups subiu de 14% em 2019 para 18% em 2024. Parte dessa mudança está associada à redução da participação de bandas nesses eventos — de 50% para 40% no mesmo período — o que tem aberto mais espaço para artistas solo, formato em que as mulheres têm ganhado mais destaque.
Apesar dos avanços, a desigualdade é mais acentuada em áreas como sincronizações com videogames e trilhas de conteúdo audiovisual. Entre os artistas que tiveram músicas incluídas em games, apenas 6% são mulheres, enquanto os homens representam 49%. Já nas trilhas de fundo usadas em vídeos, homens também lideram (29%) frente a 26% de participação feminina.
O relatório ainda chama atenção para as diferenças regionais. Taiwan aparece com o cenário mais equilibrado, com 63% de artistas homens e 34% mulheres. Já Bangladesh tem um dos quadros mais desiguais: 92% dos artistas são homens, e apenas 6% são mulheres.
Outro dado relevante é a relação entre gênero dos artistas e de seus públicos. A análise mostra que mulheres são, em geral, as maiores impulsionadoras de outras artistas mulheres. Entre os dez artistas homens com maior pontuação na plataforma, apenas três têm uma base de fãs majoritariamente masculina. Já entre as artistas mulheres mais populares, a maioria do público também é composta por mulheres.
Apesar de representar um avanço, a maior presença de artistas femininas e de gênero diverso nas plataformas e festivais ainda não se reflete de forma proporcional em todos os segmentos da indústria musical.