Mulheres já são maioria no comando dos lares brasileiros, aponta IBGE

Novo recorte revela avanço da presença feminina como principal responsável pelo domicílio, mas desigualdade de renda persiste

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Pela primeira vez, mulheres são maioria na chefia dos lares brasileiros, segundo dados do IBGE Foto: Canva

Pela primeira vez desde que a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) começou a ser realizada, a maioria dos lares brasileiros é chefiada por mulheres. Segundo dados divulgados neste domingo (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em uma pesquisa encomendada pelo Fantástico, da TV Globo, elas já ocupam a posição de principal responsável em 50,8% dos domicílios do país.

O levantamento considera dados colhidos entre 2022 e 2023, e mostra que o avanço é consistente: em 1995, apenas 25,1% das famílias tinham liderança feminina. Em pouco menos de três décadas, esse número dobrou.

A tendência se mantém tanto nas áreas urbanas quanto rurais e se verifica em todos os estados. O crescimento é explicado por diversos fatores, entre eles, o aumento da escolaridade entre mulheres, sua presença no mercado de trabalho e a autonomia econômica conquistada nos últimos anos.

Apesar do avanço, os dados revelam uma persistente desigualdade de renda. As famílias chefiadas por mulheres têm rendimento mensal médio de R$ 4.769, enquanto nos domicílios comandados por homens, o valor é de R$ 6.405. A diferença é ainda maior quando a mulher responsável se declara preta ou parda: nesses casos, o rendimento médio mensal cai para R$ 3.748.

A pesquisa também aponta que as mulheres chefiando lares são, em média, mais escolarizadas que os homens na mesma posição. Ainda assim, isso não se reflete de forma proporcional na renda. Para especialistas, o dado escancara o impacto do racismo estrutural e da divisão sexual do trabalho.

A POF 2022-2023 também mostra que, mesmo com jornadas extensas de trabalho, as mulheres ainda concentram as responsabilidades domésticas — o que compromete seu tempo disponível para qualificação e trabalho remunerado.
A presença feminina no comando dos lares cresce em paralelo à luta por equidade salarial, reconhecimento e redistribuição das tarefas de cuidado. Os números do IBGE evidenciam um avanço, mas também um alerta: mais mulheres à frente das famílias não significa, por si só, igualdade de condições.