Mulheres negras enfrentam desigualdade e preconceito no ambiente corporativo

Estudo revela disparidades salariais, microagressões e racismo estrutural no mercado de trabalho

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Mulheres pretas ganham, em média, 63% menos que mulheres brancas em cargos equivalentes Foto: Freepik

Um levantamento da empresa Diversitera, startup especializada em diversidade e inclusão no ambiente corporativo, revela que mulheres negras seguem enfrentando discriminação e barreiras no mercado de trabalho formal, apesar de representarem 25% da força de trabalho no país.

A pesquisa, realizada entre 2022 e 2024, analisou dados de 128 mil trabalhadores em 55 empresas de 17 setores diferentes. Os resultados mostram que pessoas negras recebem, em média, 43% menos do que pessoas brancas. Quando se observa o recorte de gênero e raça, a desigualdade se agrava: mulheres pretas ganham 63% menos que mulheres brancas em cargos equivalentes.

“Observar renda e remuneração é um ótimo caminho para compreender o que é o racismo estrutural e como ele opera no Brasil. É menos sobre episódios individuais e cotidianos de preconceito, e mais sobre aquilo que impactou e ainda impacta gerações de determinado grupo étnico-racial. Nesse sentido, dinheiro é parte fundamental do debate, pois é preciso lembrar sempre que o colonialismo e o escravismo se sustentaram a partir da exploração econômica dos recursos do nosso país por meio de pessoas negras e indígenas. As consequências disso persistem até os dias atuais”, afirma Tamiris Hilário, especialista em questões étnico-raciais da Diversitera.

Além da disparidade salarial, o estudo também identificou a presença frequente de comportamentos discriminatórios no ambiente corporativo. Cerca de 25% das mulheres pretas relataram já ter sido alvo de microagressões, como piadas ou comentários ofensivos. Entre as mulheres pardas, o índice é de 21%.

Casos de racismo explícito também foram reportados: 17% das mulheres pretas e 11% das pardas disseram ter sido vítimas ou testemunhas de situações de racismo no trabalho.
Para especialistas, os dados reforçam a presença do racismo estrutural nas relações profissionais no Brasil, afetando diretamente a distribuição de renda e as chances de ascensão para mulheres negras no ambiente corporativo.