Mulheres negras seguem atrás no mercado de trabalho, aponta estudo

Levantamento do Dieese revela impactos do racismo e do sexismo na renda, nas oportunidades e na inserção profissional

Envato
A taxa de desocupação entre mulheres negras (8,0%) é o dobro da registrada entre homens brancos. Foto: Envato

Um novo levantamento do Dieese, publicado na quarta-feira, 19, expõe que, mesmo desempenhando um papel central na economia e na sustentação das famílias, mulheres negras seguem com os piores salários, empregos mais precarizados e barreiras mais altas para ascender profissionalmente.

Segundo o estudo, três em cada dez lares brasileiro, cerca de 24 milhões, são chefiados por elas, que acumulam jornadas dentro e fora de casa e ainda dedicam boa parte do tempo ao cuidado de outras pessoas. 

Desemprego, informalidade e salários mais baixos

A pesquisa mostra que a taxa de desocupação entre mulheres negras (8,0%) é o dobro da registrada entre homens brancos. E, quando conseguem uma vaga, o rendimento médio delas é 53% menor, diferença que equivale a R$30,8 mil a menos por ano. Entre profissionais com ensino superior, a distância salarial chega a R$58 mil anuais.

Além disso, 39% das mulheres negras se encontram com vínculo informal, sem acesso à previdência ou proteção trabalhista. Quase metade (49%) recebe até um salário mínimo, enquanto funções de maior remuneração seguem fechadas para elas: apenas uma em cada 46 mulheres negras ocupam cargos de direção ou gerência, contra um a cada 17 para os homens brancos.

Fonte: IBGE. Pnad Contínua Elaboração: DIEESE

Trabalho doméstico e economia do cuidado

O levantamento também evidencia a maior concentração de mulheres negras em ocupações de baixa remuneração e pouca valorização. Uma em cada seis atua no trabalho doméstico ou na limpeza de edifícios, onde recebem, em média, menos do que o salário mínimo.

Seis das dez ocupações mais comuns entre essas mulheres pertencem à economia do cuidado, uma área historicamente invisibilizada e sustentada majoritariamente por elas. Entre as atividades mais frequentes estão serviços domésticos, limpeza, cuidados infantis, enfermagem de nível médio e trabalho em cozinhas.

Mesmo quando possuem mais anos de estudo, elas continuam ganhando menos que os homens brancos. Apenas 14% completaram o ensino superior, e, entre elas, a diferença salarial permanece gritante: ganham menos da metade do que homens brancos com o mesmo nível de escolaridade.