As fundações privadas e associações sem fins lucrativos pagaram, em 2023, salários médios equivalentes à média nacional brasileira. Ainda assim, embora sustentem a maior parte da força de trabalho dessas instituições, as mulheres continuam recebendo menos do que os homens. Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na quinta-feira, 18.
As informações integram a pesquisa “As Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil (Fasfil) 2023”, elaborada a partir dos dados do Cempre (Cadastro Central de Empresas), e traçou um panorama do setor.
De acordo com o levantamento, os trabalhadores das Fasfil receberam, em média, R$3.630,71 por mês em 2023, o equivalente a 2,8 salários mínimos. Apesar disso, a desigualdade salarial entre homens e mulheres ainda é grande.
Mulheres sustentam o setor, mas recebem menos
As mulheres representam 68,9% dos trabalhadores assalariados das fundações privadas e associações sem fins lucrativos, participação superior à média do mercado formal brasileiro, onde elas correspondem a 45,5% da força de trabalho. Na educação infantil, por exemplo, 91,7% dos profissionais são mulheres.
Ainda assim, a disparidade na remuneração ainda persiste. Segundo o IBGE, as mulheres que atuam nessas instituições recebem, em média, 19% menos do que os homens. Enquanto o rendimento médio masculino chega a R$4.176,83, o das mulheres fica em R$3.383,27.
O cenário reflete uma realidade conhecida do mercado de trabalho brasileiro: setores associados ao cuidado, à educação e à assistência social, majoritariamente ocupados por mulheres, continuam sendo financeiramente menos valorizados, mesmo quando exigem alta qualificação e formação superior.
Setores que concentram os empregos
Quatro em cada dez trabalhadores das Fasfil atuam na área da saúde, que emprega cerca de 1,1 milhão de pessoas. Em seguida aparecem educação e pesquisa, responsáveis por 27,7% do total de ocupados, à frente da assistência social.
Ao todo, as mulheres correspondem a 68,9% dos profissionais empregados, uma proporção 23,4 pontos percentuais superior ao do mercado formal brasileiro no qual representam 45,5% do pessoal.
Quando se observa o conjunto de todas as organizações do Cempre, a remuneração média delas equivale a 86,4% da dos homens. Já no recorte das Fasfil, elas ganham, em média, 81,0% do salário masculino, recebendo 2,6 salários mínimos mensais, enquanto eles recebem 3,2 salários mínimos.
Predominância feminina
As mulheres são maioria em 19 dos 25 subgrupos analisados pelo IBGE. A presença feminina é especialmente expressiva em hospitais (75,3%), outros serviços de saúde (74,7%), educação infantil (91,7%), ensino fundamental (76,5%), ensino médio (70,5%) e assistência social (72,5%).
Mesmo com níveis elevados de escolaridade, a desigualdade permanece. Em 2023, 36% dos assalariados das Fasfil tinham ensino superior, percentual 1,5 vez maior do que o registrado nas empresas formais, onde essa proporção é de 23,6%. No grupo de educação e pesquisa, 56% dos trabalhadores têm nível superior; no ensino superior, esse índice chega a 70%, e no ensino médio, a 62,9%.
Apesar das desigualdades, as Fasfil apresentam salários médios equivalentes ao de organizações públicas e privadas do país, ficando atrás apenas da administração pública, onde a remuneração média alcançou quatro salários mínimos em 2023.
No total, o Brasil contabilizava 596,3 mil fundações privadas e associações sem fins lucrativos naquele ano, um crescimento de 4% em relação a 2022. Juntas, essas instituições empregavam 2,7 milhões de pessoas, o equivalente a 5,1% dos trabalhadores do país, e respondiam por 5% da massa salarial nacional.
Mais de um terço dessas organizações é classificado como entidade religiosa, seguido por instituições de cultura e recreação, desenvolvimento e defesa de direitos, associações profissionais, assistência social e educação.