Mulheres são maioria nos salões de beleza, mas ainda ganham 19% menos, aponta estudo

Setor que movimenta mais de R$ 130 bilhões por ano segue sem regulamentação e reflete desigualdades de gênero, raça e orientação sexual

Envato
62% da força de trabalho do setor, as mulheres ainda recebem 19% menos que os homens. Foto: Envato

Mesmo dominando os salões de beleza, representantes de 62% da força de trabalho do setor, as mulheres ainda recebem 19% menos que os homens que exercem as mesmas funções. O dado é da pesquisa “Na raiz do PRO – Um retrato do brilho, das conquistas e dos anseios dos profissionais cabeleireiros”, realizada pela consultoria Provokers a pedido do Grupo L’Oréal Brasil, que entrevistou mil profissionais em 400 cidades. 

O levantamento também mostra que desigualdades de raça e orientação sexual também estão presentes: profissionais brancos ganham, em média, 21% mais do que negros, e heterossexuais têm renda 23% superior à de homossexuais. 

Apesar de o rendimento médio de um trabalhador formal de salão chegar a R$5.950, quase o triplo da média nacional, segundo o IBGE, a desigualdade salarial entre os cabeleireiros que se tornam donos de salão e os autônomos ainda é grande, a renda média sobe para R$11.200, enquanto empreendedores recebem cerca de R$4.950.

O estudo também revela um retrato diverso no setor: 52% das mulheres que trabalham em salões são pretas ou pardas, e 15% dos profissionais se identificam como LGBTQIAP+, número 2,5 vezes maior que a média nacional. Ainda assim, a falta de formação formal na área é apontada como uma das principais dificuldades para a valorização da profissão.

Cerca de 56% sentem que a sociedade ainda os enxerga como quem escolheu o caminho mais fácil, e 31% afirmam já ter sido julgados pela escolha profissional. Contrariando esse dado, 74% buscaram formação antes de começar a atuar, e quase metade (46%) sonhava desde cedo em seguir a profissão.

Embora o setor movimente bilhões e reúna mais de 1,3 milhão de MEIs ativos, a profissão ainda sofre com a regulamentação formal e não possui curso superior nem técnico oficial em cabeleireiro. Nesse sentido, a maioria dos entrevistados (74%) defende a obrigatoriedade de cursos de qualificação, mas 69% acreditam que eles deveriam ser oferecidos pelas empresas.