Apesar de serem mais da metade da população, as mulheres ainda têm menor remuneração no mercado de trabalho brasileiro. Os dados preliminares do Censo 2022, divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (9), mostram que, entre pessoas com 14 anos ou mais, 62,9% dos homens estavam empregados, contra apenas 44,9% das mulheres. Embora representem 52% da população, de acordo com a PNAD, elas constituíam apenas 43,6% da força de trabalho.
Observa-se maior presença em atividades tradicionalmente femininas: serviços domésticos (93,1%), saúde humana e serviços sociais (77,1%) e educação (75,3%). Outras funções em que são maioria incluem especialistas em tratamentos de beleza (95,4%) e dirigentes de serviços de cuidados infantis (96,1%).
Por outro lado, as mulheres estão praticamente ausentes de profissões como dinamitador e detonador (0,54%), carpinteiros (0,8%), pedreiros (0,88%) e condutores de caminhões pesados (1%), historicamente associadas aos homens.
A desigualdade salarial também persiste. Em média, os homens ganhavam R$3.115 por mês, enquanto as mulheres recebiam R$2.506, uma diferença de quase 20%. Entre quem possui ensino superior, o abismo se amplia: homens com diploma completo recebiam R$7.347, enquanto as mulheres ganhavam R$4.591, pouco mais de 60% do valor. Apesar disso, elas mantêm maior escolaridade: 28,9% das mulheres ocupadas tinham ensino superior, contra 17,3% dos homens.
A cor da pele também influencia a remuneração. Trabalhadores indígenas, pretos e pardos recebem menos que brancos e amarelos em todos os níveis de instrução. Entre os com ensino superior, pessoas brancas ganham, em média, 57% a mais que pessoas pretas.
Além disso, negros continuam concentrados em ocupações mais precarizadas, como trabalhadores elementares da caça, pesca, aquicultura (82,9%), condutores de veículos de tração animal (77,5%) e coletores de lixo e recicláveis (74,5%). As profissões de maior prestígio e renda, como médicos, arquitetos, economistas e físicos, seguem com baixa participação negra, variando entre 18% e 22%.