Mulheres vítimas de violência ganham apoio digital em projeto da ONU e Claro

Mulheres vítimas de violência ganham apoio digital em projeto da ONU e Claro

A ONU Mulheres e a operadora Claro firmaram uma parceria para viabilizar o projeto Mulher + Tech – conexão para novos começos, voltado a mulheres em situação de violência doméstica e refugiadas. A iniciativa foi anunciada na última terça-feira (20) e será implementada em 10 capitais brasileiras, com foco em capacitação em direitos humanos e letramento digital como ferramentas para promoção da autonomia financeira.

Resultado de um diálogo com a Anatel, o projeto contará com o apoio de 10 organizações da sociedade civil com atuação regional, selecionadas por meio de edital. Essas entidades ficarão responsáveis pela operacionalização das atividades presenciais e acompanhamento das participantes. O programa oferecerá investimento inicial — chamado de “investimento semente” — além de suporte técnico em infraestrutura, como conectividade e equipamentos fornecidos pela Claro.

A proposta é atender 1.300 mulheres ao longo de um ano. Já no início do programa, as participantes receberão um chip com plano gratuito de 12 meses. Ao final, aquelas que tiverem mais de 75% de frequência nas atividades presenciais também ganharão um aparelho celular da operadora, como forma de apoiar a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos e incentivar a geração de renda.

“A tecnologia desempenha um papel essencial na nossa sociedade e pode representar uma oportunidade única de recomeço para essas mulheres”, afirmou José Félix, presidente da Claro. “Temos o propósito de usar a conectividade como uma ferramenta para transformação e uma forte conexão com o pilar de responsabilidade social. Neste projeto, focamos naquilo que temos de melhor, a conectividade e o conhecimento de tecnologia da Claro e seu compromisso com a Responsabilidade Social, e convidamos a ONU Mulheres para somar com a experiência acumulada durante anos de atuação em prol da promoção de melhores condições para mulheres em situação de vulnerabilidade.”

A Representante Interina da ONU Mulheres no Brasil, Ana Carolina Querino, destacou o papel do letramento digital na redução de desigualdades e na proteção contra novas formas de violência. “A digitalização do trabalho revolucionou nossas vidas, mas também amplificou as desigualdades e abriu espaço para novas formas de violência. Por isso, é estratégico investir e mobilizar para diminuir a lacuna que ainda existe no acesso das mulheres ao conhecimento e recursos. Só assim elas serão capazes de efetivar seus direitos também com o uso das novas tecnologias”, afirmou.

Dados recentes da pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil – 2023”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do DataFolha, apontam que, em 2022, 35 mulheres foram agredidas física ou verbalmente por minuto no país, totalizando cerca de 51 mil vítimas por dia. No caso das mulheres refugiadas, um levantamento feito pela ONU Mulheres em parceria com a ACNUR e o UNFPA revelou que 5,74% das mulheres venezuelanas interiorizadas no Brasil relataram ter sofrido algum tipo de violência.

A cerimônia de lançamento do projeto contou com a presença do Ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, do deputado federal Juscelino Filho — seu antecessor na pasta —, além de representantes da sociedade civil, da ONU e da Anatel, como o presidente Carlos Baigorri e os conselheiros Cristiana Camarate e Alexandre Freire.

“Este projeto representa um passo importante na redução das desigualdades e no fortalecimento da autonomia de mulheres que, historicamente, enfrentam desafios para conquistar os mesmos direitos e oportunidades que os homens”, afirmou Freire, conselheiro da Anatel e um dos responsáveis por iniciar o diálogo com a Claro que resultou na iniciativa.