Cerca de 50 a 90% de todas as gestantes experimentam algum tipo de enjoo e/ou vômitos durante a gravidez, especialmente antes de 12 semanas, e que costuma ser pior durante o período da manhã. Normalmente o auge desse mal-estar é ao redor de 9 semanas, melhorando gradativamente a partir de então.
A hiperêmese gravídica é o extremo dessa condição, que pode levar a consequências mais sérias. É uma forma grave de enjoo e vômitos, geralmente ocorrendo no primeiro trimestre, mas infelizmente, em alguns casos, pode durar toda a gravidez.
Como se trata de uma forma grave de náuseas e vômitos, acredita-se que 0,5 a 2% das gestantes enfrentem essa condição, que é caracterizada por náuseas e vômitos persistentes, perda de peso significativa (mais de 5% do peso corporal pré-gestacional), sinais de desidratação, desequilíbrio hidroeletrolítico (níveis anormais de sódio, potássio e cloro), cansaço extremo, tontura e/ou desmaios e dores de cabeça.
As causas exatas que levam à hiperêmese gravídica não são completamente compreendidas, mas acredita-se que estejam relacionadas principalmente a alterações hormonais, antecedente pessoal ou familiar de hiperêmese gravídica, gravidez múltipla como gêmeos e trigêmeos e distúrbios gastrointestinais pré-existentes.
A questão hormonal envolve o BhCG, hormônio produzido logo após a fecundação do embrião, cujos níveis aumentam rapidamente durante o início da gravidez. Altos níveis de BhCG estão fortemente associados a náuseas e vômitos. Os níveis elevados de estrogênio, que também aumentam durante a gravidez, podem contribuir para a ocorrência de enjoo matinal. Existe também a atuação da progesterona, que relaxa os músculos lisos do corpo, incluindo o trato gastrointestinal, retardando a digestão e contribuindo para náuseas e vômitos.
Outros fatores que podem contribuir são os baixos níveis de açúcar no sangue, comuns no início da gravidez devido às mudanças no metabolismo, que podem desencadear náuseas e vômitos, especialmente durante a manhã. Um olfato mais aguçado e resposta a vitaminas e suplementos pré-natais, especialmente aqueles que contêm ferro, também são fatores que podem provocar náuseas.
Há teorias que sugerem que náuseas e vômitos durante a gravidez possam ser um mecanismo evolutivo para proteger a mãe e o feto de toxinas e de alimentos potencialmente prejudiciais.
O diagnóstico é feito a partir de sinais e sintomas clínicos. Em alguns casos, são necessários testes laboratoriais para avaliar o grau de desidratação e desequilíbrio eletrolítico. Eventualmente pode-se fazer um ultrassom também para descartar outras causas não obstétricas que causem náuseas e vômitos.
O tratamento é eminentemente sintomático e visa prevenir complicações. As opções incluem hidratação oral ou intravenosa, suplementação de eletrólitos, medicamentos antieméticos, adaptação da dieta, como pequenas refeições frequentes, alimentos secos e eliminação de períodos prolongados de jejum, suplementação vitamínica (principalmente vitamina B6) e, acima de tudo, acolhimento e orientações para a paciente e familiares. Em casos graves, pode ser necessária internação hospitalar.
Com o tratamento adequado e com o decorrer da gestação, a maioria das mulheres com hiperêmese gravídica consegue aliviar os sintomas e ter uma gravidez saudável. No entanto, a condição pode ser debilitante e afetar significativamente a qualidade de vida da gestante.
É fundamental ressaltar que as gestantes com hiperêmese gravídica devem receber apoio emocional e psicológico, além do tratamento médico. A condição pode ser estressante e desafiadora.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ
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