Somos bombardeados por distrações e exigências cotidianas, na acelerada sociedade contemporânea, o que torna cada vez mais desafiador acessar um estado de consciência e conexão interna –  essenciais para o nosso bem-estar, saúde e qualidade de vida. Nesse contexto, o foco e o estado de presença emergem como poderosas ferramentas para alcançar o equilíbrio interior tão almejado. 

A atenção plena é uma técnica bastante utilizada para estimular a neuroplasticidade cerebral, afastar a negatividade, estimular a conectividade sináptica e limpar a mente. Também auxilia na redução do estresse e da ansiedade, através do foco da atenção no momento presente e nas experiências positivas da vida.

 

Existem algumas dicas importantes que podem ajudar a utilizar a atenção plena corretamente, confira algumas:

 

  1. Ao longo do dia faça pequenas pausas nas suas atividades rotineiras. Desconecte-se de eletrônicos, feche livros, tente observar no ambiente algo que nunca tenha notado antes – e desfrute da sensação de calma por alguns instantes.
  2. A meditação aliada à yoga é essencial para ativar o sistema nervoso parassimpático e despertar um estado profundo de relaxamento físico: aposte nesta prática, em especial após acontecimentos estressantes.
  3. Desvie sua atenção das preocupações e foque na beleza da vida: cumprimente um estranho, deseje um bom dia sincero a um amigo, observe a chuva e o vento, estimule a sua concentração.

Redescobrir e resgatar a habilidade humana ancestral é o caminho para evoluir na nossa natureza real, que clama para ser compreendida. Sim, temos todos os mecanismos internos necessários para integrar mente e corpo e, assim, alcançar o alinhamento essencial para uma vida equilibrada, tanto no aspecto físico como emocional. 

É aqui que a meditação, respiração e yoga, práticas milenares para além da atividade física, revelam o seu poder como um caminho para resgatar esse potencial. 

Ao abraçar uma abordagem holística, essas ferramentas nos convidam a sintonizar com nossa essência, compreendendo as necessidades de nosso corpo e da nossa mente para alcançarmos um estado de plenitude.

Ao utilizarmos todos os recursos internos disponíveis, de forma integrada, passamos a operar a partir de nosso potencial natural, o que resulta em um sistema nervoso reorganizado e com níveis mais profundos de percepção corporal. 

Com a consistência, a combinação de tempo e qualidade de aulas, o praticante perceberá mudanças sutis no corpo. Para compreender essa espécie de linguagem é necessário desenvolver foco e estado de presença. Esse é um processo gradual, mas que ocorre na velocidade ideal para educarmos o sistema nervoso e construirmos resultados sólidos. 

Entender como esse mecanismo atua nos ajuda a estabelecer as bases para o estado de presença, pois quanto mais nos conectamos com as sensações, mais ampliamos a nossa consciência neurológica. Essa é uma jornada de pura percepção, sem análises. 

Quando começamos a sentir, é muito comum analisar, mas isso pode gerar uma avalanche de pensamentos e dúvidas. 

Sentir é um fenômeno que ocorre por meio da percepção, não do intelecto. No entanto, não fomos ensinados a lidar com todo o potencial do corpo e, muitas vezes, presumimos que precisamos compreender ou analisar tudo o que sentimos. Na verdade temos de aprender a sentir profundamente, cada vez mais, silenciando a mente racional tagarela. 

Na prática de yoga, os estímulos nas articulações são percebidos pelo corpo por meio de diferentes níveis de percepção. Sentimos cada movimento, cada flexão para a frente, cada desafio de uma nova posição. Nosso corpo é um sistema inteligente que nos permite experimentar tanto as percepções externas quanto as internas. 

Funciona assim: os exteroceptores, localizados na superfície do corpo, identificam luz, cheiros, temperatura, dor e sons; enquanto os interoceptores, distribuídos pelas vísceras e vasos sanguíneos, nos trazem sensações como fome, sede e pressão arterial. 

Outro nível de percepção é a propriocepção, relacionada à orientação espacial e ao equilíbrio do corpo. Os nervos e os canais semicirculares do ouvido são responsáveis por perceber os estímulos e, quando não os reconhecem, podem provocar desequilíbrios. Graças a esses mecanismos de percepção, temos a capacidade de receber, analisar e compreender as informações captadas pelos nossos sentidos. 

A prática regular de meditação, atenção plena, yoga e respiração ajuda a aprimorar esses sentidos. São atividades que fortalecem as vias neurais a ponto de melhorar a nossa percepção. Cada nova prática contribui para a consolidação de boas memórias e, como nossos músculos têm a capacidade de memorizar os estímulos, praticar também nos ajuda a restaurar o modo natural de operação dos nossos movimentos. 

A meditação e as outras práticas com atenção plena nos levam a um estado de presença suave e sem esforço. Mesmo quando aparentemente estamos em um estado de inércia, o cérebro continua ativo e os níveis de percepção se expandem. Quanto mais nos dedicamos, mais as posturas se tornam naturais e o cérebro passa a reconhecê-las como algo benéfico para o corpo.  

O estado de presença é a habilidade de viver plenamente o momento presente, não apenas prestando atenção, mas estando consciente física, mental e emocionalmente. É estar completamente envolvido na ação, sem divisão interna ou distração, inclusive no pensamento. 

Ao praticar atenção plena embarcamos em uma jornada de autodescoberta e transformação, resgatando nosso potencial esquecido. Através do foco, estado de presença e percepção ampliados, adentramos em um universo de bem-estar integral, no qual corpo e mente se unem em harmonia. 

 

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.