Nas últimas semanas estamos acompanhando algumas controvérsias nas redes sociais em relação ao estilo de se vestir depois dos 50 anos. Surgiram questionamentos como: é permitido usar cabelos longos? E minissaias, podem ser usadas nessa idade? Essas questões sobre o dress code da elegância atual têm gerado debates acalorados e se somam a outras discussões sobre tendências da moda e o que está em alta ou em baixa em cada temporada.

Ao observar os meios de comunicação, percebemos que a abordagem da moda mudou. Antes, havia uma certa coerência nas escolhas dos melhores desfiles e propostas, mas agora não encontramos consenso. Isso levanta a questão: a moda acabou? Ou será que precisamos repensá-la e dar-lhe novos significados?

Essa pergunta permite diferentes pontos de vista.
Se considerarmos a moda como um reflexo dos comportamentos e códigos de uma época, não deveríamos estranhar viver em um momento repleto de quebras de paradigmas, onde a moda reflete essa diversidade de caminhos disponíveis para a nossa era.

Estamos nos libertando das escolhas impostas pelo nosso corpo biológico em relação à sexualidade? Podemos expressar livremente nossas crenças e valores, mesmo sendo minorias? Estamos rompendo com a ideia de que determinados comportamentos são condenados de acordo com a idade?
Estamos lutando contra todas as formas de preconceito ? E desigualdade?
Estamos pregando o consumo consciente em um ativismo online que produz impacto significativo no meio ambiente?

As perguntas e questionamentos não param por aí. Em uma era de grandes mudanças, onde o futuro ainda é incerto, as possibilidades são infinitas.
Portanto, é totalmente coerente e normal termos uma moda que reflita todas essas discussões. Nesse sentido, não é a moda que mudou, mas sim o nosso olhar e interpretação sobre ela que precisam ser melhor esclarecidos.

Talvez, mais uma vez, precisemos compreender que não existe resposta ou caminho definitivo. Para cada uma dessas perguntas, encontraremos diversas possibilidades. Portanto diversas tendências de retratação estética
E o que é certo ou errado estará, como diz a música, “nos olhos de quem vê”.

O que não é tão novo assim. Lembremos da visionária editora de moda, Diana Vreeland, que considerava o mau gosto maravilhoso, pois ele tinha uma proposta estética.

O verdadeiro pecado, aquilo que está fora de moda, ou até mesmo cafona, talvez seja a necessidade de se encaixar em uma estética em um momento em que todos buscam romper com os padrões estabelecidos. Sob essa perspectiva, podemos dizer que essa “moda”, desprovida de significado comportamental, usada como forma de controle, realmente acabou. E isso é uma bênção!

Para os lojistas, o caminho mais seguro é observar e interpretar com atenção os caminhos escolhidos pelos seus clientes. A partir disso, eles podem fazer suas próprias escolhas e buscar parceiros que estejam alinhados com essas tendências. Já os criadores devem manter seus olhos voltados para o grupo com o qual têm afinidade e para o qual conseguem transmitir seus valores. Afinal, como diz o ditado, quem tudo quer, nada tem. E quem tenta falar com todos, acaba não falando com ninguém!

A moda, que é uma figura sábia de longas eras, renovou-se em múltiplas visões para que cada indivíduo possa fazer suas próprias escolhas. Mesmo que, como toda proposta democrática, ela possa sofrer críticas e ser considerada morta devido à permissão de convivência e confronto de pensamentos opostos. Afinal, ela sempre soube que não é causa, mas consequência.

Sinta-se livre para achar feio, bonito, moderno, antigo, cafona ou perfeito. Para usar e desusar o que lhe agradar. Só tome cuidado ao querer impor suas visões ao outro, porque ao contrário do que você possa imaginar, quem estará ultrapassado, fora de moda e datado será você!

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.