Pesquisa revela como a maternidade redefine a relação das mulheres com o dinheiro

Estudo mostra que mães assumem mais custos, mais carga mental e mais sacrifícios financeiros, e isso pode ter impacto direto em suas vidas à longo prazo

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No Brasil, nove em cada dez mulheres têm responsabilidade nas finanças domésticas. Foto: Envato

A maternidade, além de fazer com que muitas mulheres saiam do mercado de trabalho, não transforma apenas a rotina, mas também altera a forma como as mulheres gastam, poupam e pensam sobre dinheiro. Segundo uma pesquisa publicada no domingo, 23, pelo The Conversation, mães passam a assumir mais custos do dia a dia, fazem mais renúncias e muitas vezes gerenciam sozinhas a economia da casa.

No Canadá, uma década após o nascimento do primeiro filho, as mulheres seguem ganhando apenas um terço do que recebiam antes de serem mães. As entrevistadas para a pesquisa, 32 moradoras da província de Quebec, no Canadá, descrevem que se veem como gestoras financeiras. 

Elas relatam organizar planilhas, comparar preços de fraldas, cuidar do orçamento familiar e criar estratégias de poupança para o futuro dos filhos. Muitas dizem assumir despesas sem dividir com o parceiro, seja para evitar conflitos, seja porque se sentem responsáveis por “dar conta de tudo”.

Do outro lado, aparece a ideia da maternidade como lugar do sacrifício. Para as entrevistadas, ser uma “boa mãe” significa colocar o bem-estar dos filhos acima de qualquer preocupação, mesmo quando isso custa sua própria segurança financeira. Poupanças para a própria aposentadoria, por exemplo, são colocadas de lado para priorizar gastos educacionais ou presentes que tragam felicidade às crianças.

A conta que sobra para as mulheres

A pesquisa mostra que o impacto da maternidade vai muito além da divisão de tarefas. Ele aparece na forma como casais compartilham despesas, no quanto cada um poupa e nas renúncias. Muitas mulheres assumem parte significativa dos custos com alimentação, roupas, atividades por conta própria. 

Ao priorizarem os filhos e absorverem mais custos cotidianos, as mulheres acabam poupando e investindo menos, além de acumularem menos patrimônio ao longo da vida. De acordo com uma pesquisa realizada pela empresa Ticket em 2024, entre as mulheres com filhos, 89% relataram assumir a maior parte dos gastos familiares, enquanto 87% encerraram o primeiro trimestre de 2024 endividadas.

No Brasil, nove em cada dez mulheres têm responsabilidade nas finanças domésticas, segundo a pesquisa “Relevância das mulheres nas finanças da família brasileira” feita pela Serasa em parceria com o Instituto Opinion.

A situação é especialmente difícil para as mães solteiras. Dentre elas, 48% relatam não ter companhia para dividir as contas, sendo responsáveis por todos os gastos familiares. O número é ainda maior entre as divorciadas e as viúvas, 65% e 57% respectivamente. 

Essa realidade faz com que muitas optem por encarar uma dupla jornada de trabalho, com 84% das entrevistadas já tendo buscado outras formas de obter ganho extra, além do emprego fixo.