Tenho sido constantemente confrontada com estereótipos e preconceitos baseados em minha aparência, comportamento e escolhas. É incrível como a sociedade tenta nos colocar em caixas estreitas e preconceituosas, simplesmente porque somos mulheres. Essas caixas limitam nossa liberdade de sermos quem quisermos ser.
Sou executiva, vice-presidente de uma indústria farmacêutica, palestrante, escritora – mas sou também atleta de fisiculturismo (algo que comecei depois dos 30) e fui Rainha de Bateria, batendo às portas dos 40 anos! Eu não gosto de me rotular e de me impor barreiras, mas, infelizmente, boa parte da sociedade ainda o faz.
Lembro-me quando fui promovida e, conversando com uma outra mulher, ela disse: Rê, agora que você vai assumir uma diretoria, está na hora de cortar o cabelão e passar a usar roupas mais sóbrias…
Oi? Quer dizer que ao me tornar diretora de uma empresa preciso deixar de ser eu mesma, para ser respeitada? E o que não dizer então de quando eu competia como atleta de fisiculturismo ou desfilei como Rainha de Bateria…
Certa vez me perguntaram: mas você não se sente mal ao saber que colaboradores da sua empresa possam te ver assim, de biquíni e com o corpo todo exposto? Agora eu pergunto para vocês: quando o Abílio Diniz estava no auge da forma, fazendo esportes, alguma vez houve esse tipo de questionamento? Lembro sim, mas de comentários opostos: “nossa, além de um super executivo o cara ainda acha tempo para cuidar do corpo”.
Recentemente fui surpreendida por uma outra situação que ilustra essa realidade de tratamentos opostos dados a homens e mulheres, quando compartilhei uma de minhas conquistas pessoais nas redes sociais e recebi um comentário que menosprezou meus esforços, sugerindo que o sucesso estava relacionado ao fato de ser “filha do dono”.
É frustrante que, mesmo quando alcançamos algo notável, algumas pessoas ainda busquem desvalorizar nossas realizações. É importante notar que esse tipo de desvalorização raramente é direcionado aos homens que trabalham nas empresas das famílias.
Essa disparidade de tratamento é uma prova do viés de gênero enraizado em nossa sociedade, que desvaloriza as conquistas das mulheres e busca explicá-las como resultado de fatores externos.
O preconceito baseado na idade é outra barreira que as mulheres enfrentam. À medida em que envelhecemos, com frequência a sociedade espera que nos conformemos com padrões estreitos de beleza e comportamento. É como se nossas experiências e habilidades se tornassem invisíveis aos olhos de alguns. Tal postura é muito injusta, pois a passagem do tempo traz sabedoria e uma riqueza de experiências que merecem ser valorizadas.
Minha história desafia esses estereótipos e preconceitos – procuro demonstrar que as mulheres podem ser multifacetadas, ao longo da vida. Minhas conquistas são fruto de minha determinação, trabalho árduo e paixão pelo que faço, independentemente de meu gênero e idade.
Continuo a lutar para desafiar essas normas injustas, conscientizar e educar a sociedade sobre a importância de reconhecer o valor das mulheres em todas as fases da vida. Somente quando questionarmos e superarmos essas barreiras, poderemos alcançar uma sociedade mais igualitária e justa para todas as mulheres, independentemente de quem somos, do que fazemos e da idade que temos. E espero que minha história possa inspirar outras mulheres a fazerem o mesmo.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
Veja Também
Em quem você tem se inspirado?
TDAH: o que o TikTok não conta sobre o transtorno de atenção e hiperatividade
Quer construir sua marca pessoal? Dicas para ganhar seguidores sem perder credibilidade
Quem disse que mulher não pode ser CEO?
Cuidado com o que você tolera: como reagir à cultura da desconsideração